Isadora Brinckmann Oliveira Netto

Sempre tive o sonho de ir para a África. Tanto para fazer trabalho voluntário quanto para conhecer todas as maravilhas da natureza que encontramos por lá. Em Janeiro de 2013 embarquei nessa experiência com destino à Douala, capital econômica de Camarões, para fazer trabalho voluntário e conhecer um pouco do país. Durante minha estadia, fiz uma viagem de van até Kribi, uma cidade litorânea perto de Douala. Lá, fomos com uma canoa, num percurso de 30 minutos, até a Ilha dos Pigmeus.

Continua depois da publicidade

Conhecer a realidade deles, ver suas casas, seus costumes e ter contato com o seu dialeto foi uma experiência incrível! Ver aquele estilo de vida, com permanente contato com a natureza foi uma lição de vida. Depois de uma noite em Kribi, pegamos a van de novo e fomos para Edea, para conhecer as Ilhas dos Macacos. Eram três ilhas, uma com os macacos crianças, onde podíamos pegá-los no colo, a outra com os adolescentes e a última eram os macacos adultos. Na última, o nosso guia desceu com bananas para brincar com eles.

Os macacos eram muito grandes! Podíamos vê-los bem de pertinho, e foi incrível perceber como nós somos parecidos com eles, todas as semelhanças da orelha, das mãos! Conhecer essas ilhas onde ainda não vemos a ação do homem me fez perceber o quanto devemos buscar nossas origens, a vida em contato com a natureza para valorizar toda a nossa história. Porém além de todas essas coisas boas que podemos encontrar na África, não podemos deixar de lado toda a pobreza, a sujeira e as dificuldades que as pessoas passam para viver com um mínimo de dignidade.

E também nos deparamos com uma cultura totalmente diferente da nossa, em que é normal comer com a mão, fazer xixi em pé, tomar banho de canequinha e apenas uma vez por semana, não usar desodorante e pegar uma moto táxi em que sentam até cinco pessoas de uma vez. O choque de realidade é muito grande quando entramos em contato com uma realidade como essa, quando passamos um tempo vivendo naquela realidade, se adaptando e se entristecendo em ver como ainda existem pessoas vivendo naquelas condições

Continua depois da publicidade

Ver que crianças albinas que, por nascerem com uma doença e serem brancas, são discriminadas por seus pais e renegadas, ficando aos cuidados daquelas instituições que abrigam essas crianças e muitas outras. Sair do conforto da tua casa, do tua cama, do teu banheiro e da segurança da tua família, para ir a um continente com tanta pobreza e violência, para doar um pouco do que a gente tem em nós, de amor, de carinho e de solidariedade, foi uma oportunidade para, além de conhecer a África e realizar meu sonho, de ver o quanto o mundo ainda precisa de pessoas boas para fazer o bem, porque parece que esquecemos da África, mas ela não esqueceu de nós, e conta com a gente para conseguir sair dessa pobreza que muitos de nós não imaginam que existe, pois a gente só acredita vendo.