A queda nos juros chegou às agências bancárias, mas não favorece a todos os perfis de clientes. Há pessoas como a comerciante Josiane Borges, que comemora o momento e negocia uma linha de crédito de capital de giro, e outras como o aposentado Paulo Alves Ortiz, que não conseguiu renegociar uma dívida de crédito consignado.
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Dona de uma loja de vestuário em Palhoça, Josiane não tem nenhuma linha de crédito ou dívida em aberto no banco. Mas começou a negociar com os gerentes da Caixa e do Santander, onde tem conta, para conseguir uma boa proposta.
Com a taxas de juros anteriores, ela não achava viável conseguir um empréstimo para turbinar o negócio próprio. Os juros tornavam a conta muito cara. Agora, ela negocia para fazer um empréstimo de R$ 15 mil.
– Este é o momento para sanar dívidas ou conseguir recursos para fazer a economia girar – acredita.
A comerciante pretende utilizar o dinheiro para fazer uma reforma na loja e melhorar o estoque, ampliando as linhas de produtos oferecidas atualmente para os clientes. Negociando, ela já conseguiu chegar a um financiamento com juros de 0,9% ao mês. A dica dos especialistas é pesquisar os diferentes bancos e negociar com o gerente da atual conta antes de fechar qualquer negócio.
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Diferente da comerciante, Paulo Ortiz teve as suas expectativas frustradas. Depois de ouvir falar da queda de juros, ele procurou a Caixa, onde tem conta e 34 parcelas de empréstimo consignado para liquidar. Mas não conseguiu acessar juros mais baixos.
– Não consigo me livrar desta dívida. Para a classe média e baixa os juros menores não chegaram – critica.
Paulo pediu um financiamento de R$ 5 mil para pagar uma dívida. Ele diz que ficou doente e deixou de pagar as parcelas do empréstimo consignado por um ano porque teve que gastar muito com a compra de medicamentos. No final de 2010, ele gastou R$ 300 para refinanciar a dívida, dividindo-a em 48 parcelas de R$ 206. Com a renegociação, ele passou a dever quase R$ 9,9 mil, pagando juros de 0,9% ao mês.
A única fonte de renda de Paulo é a aposentadoria de R$ 936. Com esta renda, ele não consegue fazer um novo empréstimo, com condições mais vantajosas, para eliminar o atual.
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Operações no BB sobem 62%
Os bancos públicos, primeiros a adotar o corte dos juros, já começaram a sentir o efeito das medidas. O Banco do Brasil informa que, em pouco mais de uma semana, aumentou em 62% o volume de operações de crédito para pessoas físicas em SC _ comparado o mesmo período de 2011.
A Caixa divulga hoje os resultados regionais. Também hoje, a Caixa deve anunciar redução da taxa de juros para o crédito imobiliário. O banco não informou se as mudanças serão válidas só para novos financiamentos.
No BB, desde que as reduções nos juros começaram a ser oferecidas, no último dia 12, as linhas de financiamento mais procuradas foram as de financiamento de veículos e a de crediário. Neste período, o banco também reforçou os pacotes que preveem a cobrança de uma taxa mensal e que oferecem serviços como redução nos valores das tarifas e assessoria financeira especializada. Entre os dias 12 e 20, 4.050 clientes aderiram a algum dos pacotes em SC.
Mas apesar dos anúncios e da pressão do governo federal para que os bancos diminuam os spreads (diferença entre o que o banco paga para conseguir o recurso e aquilo que ele cobra para emprestar o dinheiro), os clientes ainda não estão sentindo no bolso as reduções sucessivas da taxa básica de juros (a Selic), na avaliação de Mauro Calil, gerente do Instituto Nacional de Investidores (INI).
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– Os spreads são gigantes devido aos impostos e ao compulsório (quantia que o Banco Central exige que seja retida) muito alto – comenta.