O corte de R$ 10 bilhões no orçamento anunciado nesta segunda-feira pelo governo federal agradou, mas é considerado insuficiente por analistas do mercado. A expectativa é que para atingir as metas fiscais, a redução de custos deveria ter sido pelo menos duas vezes maior.

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Nesta segunda, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que o objetivo do corte é tornar mais transparentes as ações do governo e que a medida é apenas prudencial, já que a meta de economizar 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) para pagar os juros da dívida já estariam garantidos com o corte de R$ 28 bilhões no orçamento feito em maio.

A avaliação do mercado, no entanto, é diferente. Para o economista da Tendências Consultoria Felipe Salto, a falta de detalhamento põe ainda mais sombra sobre a credibilidade das contas. Há pelo menos quatro anos, o mercado diz que está sendo adotada uma “contabilidade criativa” para chegar ao superávit primário.

– O governo diz que vai economizar R$ 2,5 bilhões em conta de subsídios, por exemplo, que inclui a diferença de taxa de juros que o Tesouro paga aos credores e aquilo que recebe dos devedores. Isso parece mais um postergação de gastos do que uma redução efetiva de custos – critica Salto.

O economista Rafael Bistafa, da consultoria Rosenberg Associados, vê como positiva a medida, mas considera tímido os cortes anunciados:

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– Para garantir que a meta seja cumprida seria necessário cortar mais, algo próximo de R$ 30 bilhões. O governo já diminuiu a meta de 3,1% para 2,3% dois meses atrás, equivalente a R$ 110,9 bilhões. Se não cumpre o combinado, fica com a imagem ainda mais desgastada perante o mercado internacional.

Além de anunciar cortes no orçamento, o ministro reduziu para 3% a projeção de crescimento da economia este ano. Mesmo com a revisão, as estimativas continuam mais confiantes que as do Banco Central. No Relatório de Inflação, divulgado no fim de junho, reduziu para 2,7% a previsão de crescimento do PIB em 2013.

Analistas de mercado estimam em avanço ainda menor. Há 10 semanas a projeção de instituições financeiras para o crescimento da economia do país vem caindo e ontem ficou em 2,28%.

– Se o objetivo foi retomar a credibilidade, não deu certo – resume Bistafa.