O corte de uma ligação irregular de energia para cerca de 80 casas do Loteamento Benjamin, no bairro Forquilhinhas, em São José, terminou em confusão no início da tarde desta quarta-feira. Moradores teriam arremessado tijolos e pedras contra a Polícia Militar, que revidou com balas de borracha e chamou reforços da Tropa de Choque.
Continua depois da publicidade
Leia mais notícias da Grande Florianópolis
De acordo com o presidente da Associação dos Moradores do Loteamento Benjamin, Jandir da Rosa, a confusão começou quando a Celesc chegou para fazer o corte da ligação de luz feita a partir de uma escola. No momento do corte, teria acontecido um curto circuito, que causou um incêndio em três casas, deixando a comunidade revoltada:
— A gente estava fazendo uma manifestação pacífica, eu estava tentando conversar, mas o Polícia veio para cima dos moradores falando que não era pra fechar a rua, e todo mundo se revoltou — explicou.
Continua depois da publicidade
A confusão foi grande bem em frente à escola e uma creche e assustou pais que deixavam os filhos no momento do confronto.
A moradora Andréia dos Santos conta que estava na esquina da rua quando percebeu a fumaça e correu ao ver que era a casa dela e do irmão que estavam queimando:
— Só deu tempo de tirar os documentos. Como era de madeira queimou muito rápido — lamentou.
No barraco viviam ela, o marido e o filho de um ano. A família, assim como a do irmão Rudinei dos Santos, não sabe por onde recomeçar. Eles vieram do Paraná trabalhar com reciclagem em São José há dois anos em busca de uma vida melhor:
Continua depois da publicidade
— A gente sabe que era “gato”, mas não tinha outro jeito. Meu outro irmão já mora aqui há 10 anos — explicou Rudinei.
Moradores foram atingidos por balas de borracha
A moradora Fernanda Pacheco foi atingida na perna por uma bala de borracha, e disse que a Polícia agiu com violência para cima dos moradores:
— Não precisava ter tanto policial, a gente foi defender uma vizinha que eles seguraram com força e já jogaram spray de pimenta na gente e atiraram — falou.
Continua depois da publicidade
De acordo com o tenente Machado, da PM, responsável pela operação no local, as guarnições foram chamadas para prestar apoio à Guarda Municipal que acompanhava o trabalho da Celesc, mas a população se revoltou com o incêndio nas casas e começou a atirar pedras nas viaturas. Ainda segundo o tenente, um casal foi detido por perturbação a agressão. Dois policiais foram atingidos por pedras, mas passam bem.
Celesc pediu apoio para a ação
O gerente da agência regional da Celesc, Luís Carlos Facco, explica que na noite de terça-feira foi constatado uma falha no transformador da rua Pedro Paulo de Abreu, em Forquilhas, que atende consumidores regulares e constatou que havia um cabo clandestino no local. Como acontece em situações em que há intimidação dos funcionários, a Celesc solicitou o apoio da Guarda Municipal para realizar o reparo na manhã desta quarta, além do desligamento da ligação irregular:
— Como se trata de ligação clandestina, não é necessário autorização judicial para o desligamento. Orientamos os moradores para que regularizem a situação dos seus imóveis e procurem a Celesc.
Continua depois da publicidade
Facco ressalta que não existe a possibilidade de ter acontecido um curto circuito na rede, pois ela já estava totalmente desligada no momento do corte dos cabos.
Prefeitura diz que loteamento é irregular
De acordo com a Prefeitura de São José, existem duas situações distintas no local que ocorrem há muitos anos. Uma delas são cerca de 100 famílias carentes que invadiram uma área de preservação permanente (APP) próximo às margens do rio e que já foram cadastradas pela Assistência Social do Setor de Habitação da Prefeitura. Elas serão incluídas em um projeto habitacional que está previsto dentro do conjunto de obras do PAC que vem sendo realizado na região.
A outra situação é a de moradores que alegam que compraram lotes no que seria o Loteamento Benjamin, no então, este loteamento não é reconhecido pela Prefeitura, e não há qualquer regularização da área. Segundo a Prefeitura, estes moradores estão sendo chamados para apresentar a documentação que possuem, que posteriormente será analisados pela Susp (Secretaria de Serviços Públicos) para avaliar a legalidade e o que pode ser feito para regularização.
Continua depois da publicidade