A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira que ‘o corte radical de gastos’ feito pelos governos de países desenvolvidos tem afetado as conquistas sociais alcançadas pela população após a 2ª Grande Guerra Mundial. Segundo a presidente, a melhor saída para a crise é o caminho que busca aliar os necessários ajustes fiscais e o estímulo ao investimento e ao consumo.
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-Nós, países emergentes, demonstramos maior capacidade de recuperação, pois temos hoje uma maior estabilidade macroeconômica e não vacilamos em lançar mão de incentivos fiscais para reduzir os impactos da crise- disse Dilma na abertura do Fórum pelo Progresso Social – O Crescimento como Saída para a Crise, em Paris. O evento foi organizado pelo Instituto Lula e pela Fundação Jean Jaurès.
A presidente destacou a experiência latino-americana:
-Todos nós, da América Latina, que fomos submetidos a um grave ajuste ao longo de duas décadas, sabemos que o corte radical de gastos afeta não só a economia, mas, sobretudo, compromete o futuro de nossa gente.-
Para ela, na Europa, os cortes ‘têm afetado igualmente uma das maiores obras políticas do mundo, que foi a criação da União Europeia e da zona do euro’.
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Cooperação, diálogo e união bancária
Para Dilma, a superação da crise pela União Europeia passa por muita cooperação, diálogo e compromisso dos governos – como defendeu o presidente da França, François Hollandé, antes do discurso da colega brasileira -, e também por uma união bancária, com um Banco Central com poderes para defender o euro, emitir títulos e emprestar recursos em última instância.
A presidente disse que a superação da crise também passa, necessariamente, pela construção de um novo mundo e que, dificilmente, haverá uma oportunidade para se tomar um caminho com ações mais progressistas e menos ortodoxas.
Apesar de os países emergentes estarem superando de forma menos traumática a crise, Dilma ressaltou que todos vivem em um mundo interconectado e entrelaçado e que as decisões tomadas em qualquer parte afetam a todos.
-Diante disso concordamos com o fato de que a opção preferencial por política ortodoxa, na maioria dos países desenvolvidos, não tem resolvido o problema da crise: nem seu aspecto fiscal nem seu aspecto financeiro. Pelo contrário, o que nós vemos é o agravamento da recessão, o aumento do desemprego, o aumento do desemprego entre os jovens, a desesperança e o desalento.-
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