O número de apagões no Brasil mais que triplicou neste ano. De 1º de janeiro até ontem foram 17 interrupções no fornecimento de energia elétrica no país, enquanto em igual período de 2013, foram cinco.
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Os gaúchos também ficaram mais tempo no escuro. Dos blecautes ocorridos neste ano, dois afetaram o Rio Grande do Sul, conforme levantamento do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
O estudo leva em conta apenas quedas com carga igual ou superior a 100 megawatts (MW), o suficiente para abastecer um bairro de 15 mil habitantes, por exemplo. O CBIE contabiliza, até agora, 185 interrupções nos últimos quatro anos. A forte onda de calor neste verão é apontada como uma das causas de sobrepeso no sistema, mas não a única.
– Além das altas temperaturas registradas neste ano, o Rio Grande do Sul enfrenta as dificuldades de estar localizado na ponta de um sistema que é todo integrado. Precisa carregar grandes blocos de energia da Região Norte, o que acaba deixando as linhas de transmissão sobrecarregadas – afirma Adriano Pires, diretor do CBIE.
A sugestão do especialista para evitar novos cortes é o governo trabalhar em campanhas de conscientização da população para diminuir o consumo de energia elétrica, já que no curto prazo não é possível melhorar a qualidade do serviço.
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– Investir em energia é caro e custa tempo. O governo federal deveria incentivar leilões regionais em vez de centralizar toda operação. Assim, o Rio Grande do Sul poderia trabalhar com fontes que tem em abundância, como o carvão e a energia eólica – avalia.
Inclusão de apaguinhos
Em geral, interrupções de fornecimento de energia elétrica costumam ganhar as manchetes dos jornais e o apelido de “apagão” quando afetam dezenas de milhares de pessoas e têm carga igual ou superior mil megawatts (MW).
No entanto, diversos outros cortes são registrados diariamente pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). O levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) leva em conta também os “apaguinhos”, blecautes com carga igual ou superior a 100 MW no país, o suficiente para abastecer um bairro com cerca de 15 mil moradores.
A justificativa do diretor do CBIE, Adriano Pires, para o parâmetro de 100 MW é de que “mesmo quando o corte de fornecimento afeta apenas alguns Estados ou dura pouco tempo alguém sai prejudicado”.
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Agergs deve mostrar balanço de interrupções
O tema começa a ser debatido nesta terça-feira pela Comissão de Assuntos Municipais da Assembleia Legislativa, que pretende discutir as carências no fornecimento de energia no Estado. O encontro vai reunir parlamentares e representantes das três maiores concessionárias do Estado (AES Sul, CEEE e RGE) e da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do RS (Agergs), que deve apresentar um balanço da qualidade do serviço prestado pelas companhias.
As constantes interrupções no serviço neste verão têm sido alvo de critica da população e de empresários. Carlos Faria, diretor da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) estima que os cortes de energia impõem ao setor uma perda de capacidade produtiva de cerca de 10 horas ao mês.
CPI deve ser instalada nesta terça-feira
Inspirados nas discussões em torno da qualidade da telefonia, os deputados gaúchos pretendem agora debater a qualidade de outro serviço básico, a luz. Será protocolado nesta terça-feira à tarde pedido para instalação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para discutir os problemas de fornecimento de energia que atingem o Estado. Proposto pelo deputado Lucas Redecker (PSDB), o texto reuniu assinaturas de 33 parlamentares, tanto da situação quanto da oposição.
– Não queremos transformar o assunto em questão político-partidária, mas discutir como as concessionárias podem melhorar a qualidade do serviço que prestam. Não queremos olhar só as interrupções que aconteceram este ano. A ideia é olhar para trás e investigar se houve falta de investimento e as razões disso – diz Redecker.
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Caso seja acolhida pela Mesa Diretora da Assembleia, a CPI da energia deve realizar seu primeiro encontro em duas semanas.