Se ainda havia dúvidas de que a corrupção na Petrobras se reproduz em outras áreas, o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa acaba de desfazê-las. Em depoimento na CPI Mista do Congresso, o delator do escândalo conhecido como Petrolão garantiu que as fraudes são comuns quando há dinheiro envolvido nas relações entre os setores público e privado. Nem todas as suas afirmações, obviamente, devem ser tomadas como verdade. Ainda assim, as declarações oficializam a suspeita de que os mecanismos de controle da administração pública continuam insuficientes para evitar espertezas e fraudes.
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A fragilidade dos organismos responsáveis pela fiscalização ajudam em muito a explicar a afirmação, feita na CPI, de que os fatos denunciados na Petrobras se repetem no Brasil inteiro: nas rodovias, ferrovias, nos portos, aeroportos, nas hidrelétricas. Só no caso da maior estatal do país, que já resultou na prisão de representantes de muitas das maiores empreiteiras, segundo o denunciante haveria dezenas de políticos envolvidos. A acusação reforça a impressão generalizada de uso de dinheiro público em benefício próprio ou para financiar campanhas de integrantes de legendas da base aliada.
Não por outro motivo, o Brasil ocupa a 69ª posição no mais recente ranking internacional da ONG Transparência Internacional, que mede a percepção de corrupção no setor público de 175 países. Ao colocar o Brasil atrás do Chile e Uruguai, por exemplo, o levantamento indica que até mesmo países da vizinhança conseguem enfrentar esse mal.
Os brasileiros precisam aperfeiçoar os mecanismos de controle da administração pública, para que episódios como esse da Petrobras não assumam a dimensão que assumiram. Também é impositivo que as pessoas se comprometam mais com o combate às irregularidades. Conter a corrupção exige fiscalização firme e continuada, mas também a determinação de não compactuar com desvios por parte de toda a sociedade.
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