Dia desses, a ombudsman da Folha de S.Paulo, Susana Singer, relembrou em uma coluna dominical uma célebre frase proferida por Arthur Brisbane, ex-ombudsman do The New York Times, que costuma ser usada como consolo nas redações: “Por mais paradoxal que pareça, quanto mais correções você vir no jornal, melhor”. Susana tratava sobre a difícil equação de produzir um jornal diário sem máculas.

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Segundo levantamento da própria Folha, o jornal impresso publica 99 erros, em média, por dia, mesmo que só consiga corrigir cerca de 3% deles. Na contagem, não estavam os erros de português, mas somente os de informação.

Tenho um apreço especial pelo preciosismo por uma razão muito simples: o leitor odeia ver erro em seu jornal. E um jornal trabalha a serviço do leitor. Simples como isso.

Vez que outra, recebo e-mails ou telefonemas de leitores se queixando de erros no jornal, ora de informação, em geral de português. Uso este espaço dominical para prestar conta de ações que temos feito nos últimos meses para tentar melhorar os equívocos – e estamos percebendo bons resultados.

O mais importante trabalho é conscientizar a Redação da importância de buscar, sem trégua, a precisão. Se o jornalista não estiver consciente da necessidade, ele continuará errando.

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A partir daí, inúmeros processos são montados. No DC, destaco:

– Antes de encaminhadas para a área de impressão, todas as páginas passam por um processo de revisão que inclui, no mínimo, quatro crivos obrigatórios: do próprio editor, de um colega mais próximo, do diagramador e do editor de Imagem. Alguns conteúdos considerados prioritários são submetidos a instâncias adicionais de revisão.

– Um curso de português está sendo ministrado para pequenos grupos de jornalistas pela professora Maria Tereza de Queiroz Piacentini, autora do livro Não Tropece na Língua, entre outros.

– A contratação de Maria Júlia Berutti, jornalista diplomada que desde 1989 dedica-se também à revisão editorial, optando por abrir mão da reportagem para zelar pelo uso correto do idioma. Há poucas semanas no DC, Maria Júlia tem ajudado não apenas a prevenir erros gramaticais mas, em especial, colaborado para a clareza dos textos publicados.

Temos estabelecido algumas metas de diminuição de falhas, mas sabemos que o Erro Zero não passa de um sonho diante da quantidade de informações publicadas. Como sugere a ombudsman da Folha, “se não há perfeição, a transparência na correção é a garantia de qualidade do produto.” Por isso convoco os leitores e as fontes de informação a continuarem apontando nossas incorreções.

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Corrigir sem eufemismo é nossa obrigação.