A quatro meses das eleições municipais de 2024 e a pouco mais de um mês do início do prazo para as convenções, momento em que os partidos batem o martelo para oficializar as candidaturas, as principais cidades de Santa Catarina já têm um quadro conhecido de pré-candidatos a prefeito. Com as definições antecipadas das legendas, as dúvidas que ainda têm cercado os projetos nos maiores municípios é quem vai ocupar a vaga de vice nas chapas.
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Se em determinado momento da política brasileira o vice pode ter sido considerado “decorativo” — termo usado pelo ex-presidente Michel Temer em uma carta para manifestar a insatisfação com o seu papel no governo de Dilma Rousseff e selar o rompimento com a petista que abriu caminho para o impeachment de 2016 — atualmente o cargo tem sido cobiçado por lideranças que almejam um lugar na foto da majoritária.
A importância dos vices vai muito além de aparecer na foto do santinho — ou de figurar nos vídeos do Instagram e Tik Tok, nas linguagens mais atualizadas do marketing político na internet. Em Santa Catarina, três dos 10 prefeitos das maiores cidades entraram na prefeitura na condição de vice, compondo chapa com políticos que mais tarde deixaram a cadeira para alçar novos voos.
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É o caso de Topázio Neto (PSD), eleito vice na chapa de Gean Loureiro (União) em 2020 e hoje pré-candidato à reeleição em Florianópolis; de Mário Hildebrandt (PL), vice eleito na coligação com Napoleão Bernardes (hoje PSD) em Blumenau em 2016 e reeleito na cabeça de chapa em 2020; e de Jair Franzner (MDB), vice de Antídio Lunelli, prefeito reeleito de Jaraguá do Sul em 2020, mas que deixou o posto há dois anos e hoje é deputado estadual.
A possibilidade de ser um coadjuvante importante em uma eventual administração ou até mesmo ter uma porta de entrada para herdar a principal cadeira em movimentos futuros torna o espaço de vice um lugar almejado pelos partidos.
O professor e pesquisador de Cultura Política da escola de Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina (Esag/Udesc), Daniel Pinheiro, explica que os vices costumam ter papel importante de articulação política, o que explica o fato de ser um espaço cobiçado.
— O vice compõe o jogo político. Costuma fazer articulação ou integração do Executivo com o Legislativo e até mesmo com as outras instâncias da cidade. Na maioria das vezes, são cargos silenciosos, então favorece o bastidor, a influência. O cargo de vice é um lugar ideal para ganhar capital político, enquanto o chefe do Executivo às vezes gasta esse capital acumulado por ser quem “põe a cara” à frente da gestão — pontua.
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Além disso, o fato de trazer certa evidência e abrir novas possibilidades na trajetória política é outro atrativo do posto de vice destacado pelo professor, que cita casos como o atual prefeito de Florianópolis, que passou de vice quase desconhecido na última eleição a figura de destaque na política do Estado.
A corrida pelos vices nas maiores cidades de SC
Nas maiores cidades de SC, os nomes dos prováveis candidatos a prefeito já se tornam conhecidos do eleitorado. Desse modo, em alguns projetos a definição dos vices permanece como a grande incógnita do período pré-eleitoral. Em algumas cidades, há possibilidades ventiladas pelos partidos ou mesmo anúncios públicos, mas as confirmações das candidaturas ocorrem apenas nas convenções partidárias, que ocorrem entre 20 de julho e 5 de agosto.
A última semana teve movimentações importantes nas discussões sobre vices, como a permanência do secretário de Estado Edgard Usuy no governo Jorginho, o que impossibilita a saída dele para concorrer a vice na chapa de Topázio Neto, como foi especulado nas últimas semanas. Outro fato novo foi o convite de Egídio Ferrari para a atual vice-prefeita de Blumenau, Maria Regina, para compor a chapa majoritária com ele.
Confira abaixo a situação atual nas três maiores cidades de SC:
Florianópolis
Em Florianópolis, a vaga de vice na chapa do atual prefeito Topázio Neto (PSD) é o espaço em que ocorre mais especulação. A indicação ao posto deve ficar com o PL do governador Jorginho Mello, com quem Topázio firma forte aproximação nos últimos meses. O nome, no entanto, ainda é incerto. Os vereadores Maryanne Mattos, Gabrielzinho e Manu Vieira (PL) vêm figurando como as possibilidades. Nas últimas semanas, ganhou força a aposta no secretário de Planejamento do governo Jorginho, Edgard Usuy, mas para concorrer ele precisava ter deixado o cargo até esta quinta-feira (6), o que não ocorreu. Com isso, a dúvida deve continuar ao menos por mais algumas semanas.
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Nas outras pré-candidaturas à prefeitura da Capital, a vaga de vice também movimenta os partidos. No PSOL, o pré-candidato a prefeito Marquito teve como nome para vice sugerido pelo PSB o professor aposentado Gelson Albuquerque, mas como a legenda debate uma possível frente de esquerda com outras siglas, a definição deve ocorrer somente mais perto das convenções.
A possível candidatura de Pedrão (PP) deve ter o ex-comandante-geral da PM, Marcelo Pontes (PP), como candidato a vice. No PSDB, que deve lançar o ex-senador Dário Berger como candidato a prefeito, a definição deve ficar mesmo para as convenções. O mesmo deve ocorrer no PT, em que o pré-candidato a prefeito é o ex-vereador Vanderlei Farias, o Lela.
Veja possíveis candidatos a vice-prefeito em cidades de SC
Joinville
Em Joinville, uma curiosidade da eleição deve ser a manutenção da vice na chapa do prefeito Adriano Silva (Novo), que deve concorrer à reeleição mantendo a dobradinha com a atual vice Rejane Gambin (Novo).
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O PL anunciou em maio o nome da empresária Fabíola Venera para concorrer como vice na chapa que deve ser encabeçada pelo deputado Sargento Lima. Nas outras pré-candidaturas, a vaga de vice ainda não tem nomes discutidos publicamente pelas lideranças partidárias.
Blumenau
Em Blumenau, as vagas de vice seguem sendo suspense nas principais pré-candidaturas a prefeito. Na futura chapa do delegado e deputado estadual Egídio Ferrari (PL), uma movimentação importante ocorreu esta semana, quando o próprio parlamentar convidou a atual vice-prefeita (e também pré-candidata à prefeitura) Maria Regina de Souza Soar (PSDB) para ser a vice na aliança dele. Maria Regina aceitou o convite na noite de domingo (9), quando Egídio confirmou que a dupla estará junta na eleição de outubro.
Antes do “sim” de Maria Regina, a ex-secretária-adjunta da Educação do Estado, Patrícia Lueders (PL), que é da cidade, também era apontada como possível vice na chapa de Egídio. Na semana passada, ela deixou o cargo no governo estadual para estar apta a participar do processo eleitoral.
Na pré-candidatura do promotor de Justiça Odair Tramontin (Novo), a vaga de vice caberá ao parceiro PSD. A vice parecia definida desde o ano passado, com a escolha da suplente de senadora Denise dos Santos, esposa do deputado federal Ismael (PSD), como companheira de chapa de Tramontin. Em maio, no entanto, ela teria desistido do projeto por questões pessoais, abrindo uma interrogação na legenda sobre esse tema. Mais recentemente, o PSD teria apresentado dois possíveis nomes: dos vereadores Carlos Wagner, o Alemão, e da vereadora Silmara Miguel, mas ainda sem definir a questão.
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Na pré-candidatura de Ana Paula Lima (PT), o partido tem até o momento duas possibilidades de vice: o advogado Léo Bittencourt (PSB) e o empresário Rafael Cunha (Solidariedade).
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