A corrida dos partidos nas disputas por prefeituras em Santa Catarina nos últimos 24 anos mostra uma diminuição no tamanho de partidos tradicionais do Estado, como o MDB, PSDB e PT, e uma disparada do PL nas últimas duas eleições municipais, em 2020 e 2024. O quadro é observado na análise dos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre os prefeitos eleitos pelas legendas catarinenses desde as eleições de 2000.
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Em 2024, o PL desbancou o MDB e se tornou o partido com o maior número de prefeituras no Estado, 90. A arrancada deste último ano confirma um movimento de crescimento já apresentado em 2020, quando elegeu 28 prefeituras, o quinto maior número do Estado. Em 2012, quando ainda se chamava PR, o partido tinha apenas uma prefeitura em SC, em Salto Veloso, no Meio-Oeste.
Mapa mostra explosão do PL e queda de partidos tradicionais no comando das prefeituras em SC
Com o número de prefeituras alcançado, o PL vai governar 46% da população catarinense, segundo informou o partido nesta segunda-feira. O governador Jorginho Mello, presidente estadual do PL, disse considerar o crescimento sinal de que a população catarinense está alinhada às bandeiras defendidas pela sigla.
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— As pautas do conservadorismo, da família e da liberdade seguem mais vivas do que nunca e o resultado desta eleição é a prova disso — afirmou.
O MDB pela primeira vez nestes últimos 24 anos não foi o partido com o maior número de prefeitos. Ao cair de 96 para 70 prefeituras, os emedebistas ainda conservam o segundo lugar no pódio, mas integram um grupo de partidos tradicionais que perderam espaço quando analisada a corrida desde 2000.
Se por um lado o PL avançou, sobretudo com o impulso do bolsonarismo, alguns partidos tradicionais registraram diminuição no número de prefeituras, o que sugere uma certa renovação no campo da direita por parte do eleitor.
Um exemplo é o caso do PSDB. O partido já chegou a ter 39 prefeitos em SC, em 2016, mas este ano elegeu apenas 13. Os números retratam um cenário de encolhimento do partido observado também no cenário nacional. Em São Paulo, berço do partido, o PSDB não elegeu nem um vereador entre os 55 nomes que vão compor a Câmara local.
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Outra sigla do campo da centro-direita que teve redução nesse período de pouco mais de duas décadas em SC foi o espólio do antigo PFL, depois renomeado como DEM, e que em 2022 se fundiu ao PSL para formar o União Brasil. Em 2000, o PFL era o terceiro maior partido do Estado, com 58 prefeitos eleitos. Em 2024, na primeira eleição municipal do partido que herdou o histórico de PFL e DEM, o União Brasil fez nove prefeitos.
A linha do tempo também mostra perda de espaço do PT entre os catarinenses. Em 2012, durante o governo Dilma Rousseff, a sigla elegeu 45 prefeitos em SC, e este ano fez apenas sete. O caso do PT denota também uma diminuição do espaço de partidos de esquerda. Além de PT, o PDT, que chegou a ter 12 prefeitos no Estado em 2000, este ano não fez nenhum. PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin, passou de 10 prefeituras para nenhuma em apenas duas eleições, de 2016 a 2024.
Quem conseguiu obter uma estabilidade nos dois últimos anos foram PP e PSD, que praticamente repetiram o número de prefeituras feitas em 2020. Com a escalada do PL, as duas siglas ficaram entre as quatro maiores do Estado.
Veja a corrida dos partidos em SC desde 2000
O professor de Administração Pública e pesquisador de Cultura Política da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Daniel Pinheiro, acrescenta que mesmo os partidos que conseguiram manter prefeituras, como PP, PSD e parte dos prefeitos do MDB que conseguiram triunfar nas urnas, foram num caminho de centro e centro-direita.
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— A gente vê partidos que migram de posição muito facilmente para tentar captar eleitores. E em Santa Catarina ficou muito claro em 2018, quando a gente vê aquela explosão do PSL, e depois do PL, começou a se observar que o movimento mais à direita no Estado faria mais sentido — aponta.
Sobre a diminuição da esquerda, o professor explica que a insistência do PT em candidaturas próprias que não conseguiram resultado nas urnas ajuda a explicar a perda de espaço. Com disputas acirradas em cidades importantes do Estado, as disputas entre PL e PSD também são citadas pelo pesquisador como um ponto alto da campanha deste ano, que renderam protagonismo às duas legendas.
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