Os colegas de trabalho Ricardo Alexandre, 27 anos, e Cristhian Jack, 29 anos, vão ter que mostrar que conseguem aliar equilíbrio com velocidade na manhã desta segunda-feira. Eles vão participar da tradicional corrida dos garçons em Balneário Camboriú. Com mais de cem inscritos até a noite de sexta-feira, o evento que homenageia o dia dedicado à categoria, celebrado na terça-feira, vai ocorrer pela primeira vez nas areias da Praia Central.
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Estreante na competição, Cristhian, que é natural de Foz do Iguaçu (PR) e garçom há 12 anos, “espera não fazer feio”. Ele conta que decidiu correr por incentivo dos colegas e para se divertir.
– Eu jogo futebol e com a bandeja tenho equilíbrio – diz, confiante.
Já Ricardo pretende melhorar o desempenho do ano passado. Esta é a sexta vez em que ele compete e em 2014 ficou em quinto lugar.
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– Tem que treinar bastante, faz duas semanas que começamos a nos preparar. A gente já tem a prática da bandeja, tem que pegar a velocidade para fazer bonito – avisa o trabalhador, que é de Natal (RN).
Além de divertida, a corrida também tem apelo entre os profissionais pelos prêmios. Os primeiros lugares na competição masculina e feminina neste ano vão ganhar uma moto. E os segundos e terceiros lugares serão premiados com bicicletas. Segundo a presidente do Sechobar (Sindicato dos Empregados do Comércio Hoteleiro, Bares e Restaurantes e Similares de Balneário Camboriú e Região), Olga Ferreira, a ideia de entregar bikes incentiva os profissionais a se locomoverem de forma sustentável.
– Hoje, os garçons que usam a bicicleta para ir voltar do trabalho ganham os equipamentos de segurança, como luvas e sinalizadores do proprietário – informa.
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A concentração da corrida, marcada para as 9h, ocorre na Praça Almirante Tamandaré. Conforme Olga, vai ser possível se inscrever na hora. A largada vai ser em frente à praça e os garçons vão percorrer um trajeto de 200 metros segurando uma bandeja com uma garrafa de cerveja aberta. Eles poderão utilizar apenas uma das mãos para segurar a bandeja _ a outra terá que ficar nas costas. Quem encostar na garrafa com a outra mão é desclassificado automaticamente. Para evitar fraudes, é passada uma goma nas mãos dos trabalhadores, o que ajuda a identificar algum deslize.
Escala afasta interesse pela profissão
Apesar de ter o maior piso do país _ R$ 1,3 mil _ e um salário médio de R$ 3,5 mil, mas que pode chegar a R$ 4,8 mil na temporada no caso de profissionais experientes, o sindicato que representa a categoria considera que há um apagão de mão de obra no setor. A responsável pela falta de interesse, de acordo com Olga Ferreira, é a escala de trabalho.
– Muitos preferem encontrar um novo emprego que não precise trabalhar nos fins de semana – observa.
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Cristhian Jack conta que já trabalhou como operador de caixa e em casa lotérica, mas se encontrou mesmo na profissão de garçom.
– A princípio me conquistou pelo salário e também pelos horários. Aqui, durante a semana entro às 16h ou 18h e saio por volta de 1h30min. Fim de semana vou até às 2h, tem dias que começo às 10h, mas há outros que inicio às 16h – conta.
Para ser um bom garçom, ele aponta que “a atenção às mesas e saber dialogar com os clientes é fundamental”. Com oito anos de experiência, Ricardo Alexandre concorda com o colega. Segundo ele, saber lidar com os diferentes clientes é o principal desafio da profissão.
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