Você certamente conhece alguém que nunca tirou carteira de motorista pois tem medo de dirigir, ou até mesmo alguém que é habilitado mas evita o volante pela insegurança. A situação é comum, seja por incerteza com o trânsito violento das cidades ou por algum trauma vivido. Quem, mesmo com medo, acaba arriscando e indo para as ruas, corre ainda o risco de se envolver em outro acidente exatamente pela insegurança. Quem diz é a educadora de trânsito e organizadora do Maio Amarelo em Blumenau, Márcia Pontes, que desde o começo do ano organiza encontros para pessoas que tem medo de dirigir.

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– Percebi que houve um aumento muito grande dos acidentes causados por imperícia em Blumenau, e isso envolve as pessoas que não tem segurança no trânsito, que dirigem com medo. No grupo fazemos acolhimento emocional, conversamos e damos aulas – conta.

Participantes do grupo de Márcia superaram o medo e aceleraram um carro um pouco diferente neste sábado. Em um evento que fez parte da programação do Maio Amarelo, elas dirigiram karts em um circuito em Blumenau. A experiência divertida serviu para dar mais confiança para quem está, aos poucos, perdendo o medo.

É o caso, por exemplo, da agente de turismo Elisabeth Salete Comby, de 41 anos, que tem carteira de habilitação há 15 anos mas nunca se sentiu confiante para dirigir sozinha. Ela diz que não teve um trauma no trânsito, mas não conseguia pegar o carro e ir muito longe de casa. Participante do grupo desde fevereiro, quando foi indicada por uma amiga, ela diz que já ganhou confiança e conta com orgulho dos trajetos que já faz. Na corrida de kart, Elisabeth se saiu bem e terminou a prova com vontade de mais.

Já para Juranildes Souza, o medo de dirigir veio logo após tirar a CNH, cinco anos atrás. Ela conta que no primeiro dia em que dirigiu habilitada acabou batendo contra outro carro quando subia um morro. Um acidente leve, mas que a deixou insegura desde então.

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– Comecei a frequentar o grupo e fazer aulas há um ano, já ganhei mais confiança e cuidado para dirigir. Além de melhorar a autoestima também. Agora dirijo pela cidade, só não em rodovias ainda – conta a mulher de 41 anos.

Márcia Pontes conta que cada reunião do grupo reúne pelo menos 25 pessoas, mas que o projeto já existe a mais tempo com as aulas particulares e o auxílio pela internet. Em um grupo de WhatsApp coordenado pela educadora de trânsito, 220 pessoas participam atualmente compartilhando suas inseguranças e recebendo conselhos.

– A maioria das pessoas que participam sofreram algum acidente, alguns graves, de chegar a dar perda total no carro. E a pessoa com medo muitas vezes é empurrada pela família e amigos para meter a cara e ir pra rua aprender, mas é perigoso – avalia Márcia.

Segundo ela, mulheres são pelo menos 80% do grupo, por fatores que envolvem também a pressão da própria sociedade contra elas no volante. Os homens, segundo Márcia, tendem a não assumir o medo por vergonha.

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– Tem pessoas de todas as idades e até de outros países. Fazemos muitos vídeos dando dicas, para poder ajudar todo mundo – conta.

Para participar do grupo basta entrar em contato com Márcia pelo celular (47) 9936 – 8404. Os encontros presenciais acontecem de 15 em 15 dias, sempre aos sábados.