Quem passou pelo canal da Barra da Lagoa na manhã deste domingo se divertiu com uma competição autenticamente manezinha da Ilha. As bateiras, utilizadas diariamente pelos locais para a travessia do canal para o Morro do Torquato, na Fortaleza da Barra, hoje receberam remadores experientes e amadores para a 9º edição da Corrida de Bateira.
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Foram 16 duplas participantes. Em cada barco, um nativo acostumado a remar com alguma pessoa de fora que quisesse testar suas habilidade. Para ser uma competição justa, as duplas foram sorteadas na hora. A brincadeira começou em frente ao morro do Torquato, onde todas as bateiras, já com seus “atletas” posicionados, foram amarradas umas as outras e puxadas por um barco maior até a ponte. Posicionados lado a lado na Lagoa da Conceição, os 32 participantes começaram a remar às 10h10, no aviso sonoro.
Na largada, a competição ficou um pouco embolada, com vários barquinhos batendo uns nos outros, até que a dupla Binho e Lucas conseguiu abrir vantagem. Cada um com seu varejão de bambu na mão, os homens iam ficando no fundo do canal e movendo a bateira para frente. Enquanto isso, teve barco virando, homem caindo na água, cachorro latindo e se jogando na água. Tudo isso acompanhado de perto por uma torcida muita animada em outros barcos e nas casas ao longo do canal.
No segundo pelotão vinham mais três barcos, e em um deles estava a dupla Naldir e Eduardo. Conduzindo com habilidade, Naldir e seu companheiro foram aos poucos se aproximando dos primeiros colocados, até que a poucos metros do trapiche de chegada, finalmente conseguiram ultrapassar.
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E para dar aquela emoção final, uma lancha que passava pelo canal acabou se atravessando em frente aos dois barcos que brigavam pela primeira posição, e o barco de Naldir e Eduardo colidiu, fazendo com que Eduardo caísse na água. Rapidamente ele conseguiu subir de volta, e foi remando com os braços até a linha de chegada, consagrando a vitória da dupla às 10h33, completando os três quilômetros de prova em 14 minutos.
— Ganhamos só na experiência, não foi na força física. Tanto que tem muito guri novo que ficou para trás. Na verdade eu tenho conhecimento do canal, aonde que é fundo, que é baixo, então eu já vou estudando a prova toda por onde que vou passar. Esse meu colega ainda bem que não tem antidoping, senão ia ser desclassificado, mas ele ajudou bastante — brincou Naldir, 46 anos.

Tradição de família
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A facilidade com em conduzir a bateira é de família. Um dos organizadores da corrida é o Nera, irmão de Naldir, que já foi campeão cinco vezes, até que foi proibido de participar pelos vizinhos pois já estava ficando sem graça. Para honrar a família, Naldir já ganhou outras três vezes.
Os dois são sobrinhos de dona Maria Florinda Vieira, que em 2014 foi tema de reportagem sobre qualidade de vida. Mesmo com a avançada idade, a senhora utilizava uma prancha velha de wind surf para atravessar o canal até sua casa, mas seu sonho era ganhar um stand up paddle, desejo que foi atendido por um empresário que leu a reportagem.
Foi ideia de dona Maria criar a corrida de bateiras, e neste domingo ela estava lá acompanhando de perto por um trapiche a movimentação. Depois da corrida, todos os participantes e familiares participaram de um grande almoço de confraternização na beira do canal.
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