Um corretor de imóveis é investigado pela Polícia Civil por enganar dezenas de famílias ao vender a mesma casa para todas elas em Penha, no Litoral Norte de Santa Catarina. Após ser descoberto, o homem desapareceu da cidade, mas ostenta viagens de luxo na internet. A estimativa é de mais de R$ 3 milhões em prejuízo para as vítimas.
Continua depois da publicidade
Clique aqui para receber as notícias do NSC Total pelo Canal do WhatsApp
O profissional identificado como Alaim da Silva possui registro no Conselho Regional de Corretores de Imóveis de Santa Catarina (Creci), o que gerou confiança por parte das vítimas. Uma delas foi Bruna Samantha. Ela conta que viu os anúncios em imobiliárias do município e gostou de um sobrado no Loteamento Pedro Borba. O valor de R$ 450 mil não estava abaixo do mercado e toda a papelada, que precisou ser autenticada em cartório, trouxe segurança para que ela e a família sequer desconfiassem do profissional.
Na maioria dos casos o combinado foi o mesmo: o comprador precisava dar uma entrada e o restante seria parcelado. Houve também alguns que pagaram o valor integral. Bruna desembolsou inicialmente R$ 70 mil. Outra vítima usou o acerto da demissão do lugar onde trabalhou por 17 anos, toda a economia do casal e uma moto para dar início ao sonho da casa própria. O corretor prometia, então, entregar o imóvel pronto. As obras de fato começaram e o tempo passou.
O golpe só foi descoberto, comenta o delegado que lidera as investigações, Angelo Fragelli, porque o prazo de entrega das casas foi se aproximando e houve atrasos. Sem querer, as famílias começaram a descobrir que tinham adquirido o mesmo lote. Ao menos 40 pessoas foram identificadas e ouvidas em um mutirão feito na delegacia para dar celeridade ao processo.
Continua depois da publicidade
— De algum jeito ele anulou os contratos e fazia a venda para outras pessoas. Só no meu terreno eu conheci oito compradores. Teve gente que deu toda a aposentadoria, R$ 200 mil, carro, dinheiro… A gente quer que a justiça seja feita, que ele seja preso, ele lesou muitas famílias, fez várias pessoas perderem o sonho de ter a casa própria — diz Bruna.
Agora, a Polícia Civil tenta entender os detalhes do golpe, como se há mais envolvidos e se de fato Alaim era proprietário dos lotes em questão. Por enquanto, o suspeito de estelionato está desaparecido. Na frente das casas, faixas denunciando o corretor deixam à mostra a frustração e indignação das vítimas.
Em nota, o Creci disse ter solicitado à Justiça a suspensão cautelar da inscrição do corretor e instaurado procedimento ético-disciplinar, mas explicou que “embora a legislação permita a aplicação de sanções como advertência verbal, censura, multa, suspensão da inscrição e, em última instância, o cancelamento da inscrição, não autoriza a suspensão liminar da inscrição antes do trânsito em julgado do processo administrativo”.
“Os representantes do Creci-SC, Flaviano Vetter Tauscheck (procurador jurídico), Daniel Cobra (assessor da Procuradoria), Alziro Golfetto (coordenador de conformidade) e Marcelo Baumgarten (diretor) também estiveram com o delegado Angelo Fragelli, da Polícia Civil, onde o inquérito está na fase final para apontar os possíveis crimes, que além de configurarem infrações penais, violam os princípios éticos e as normas que regem a corretagem imobiliária”
Continua depois da publicidade
No documento entregue ao promotor de justiça, o Creci-SC explica que, diante do conhecimento desses fatos, instaurou procedimento ético-disciplinar para apurar a conduta do corretor de imóveis. Entretanto, embora a legislação permita a aplicação de sanções como advertência verbal, censura, multa, suspensão da inscrição e, em última instância, o cancelamento da inscrição, não autoriza a suspensão liminar da inscrição antes do trânsito em julgado do processo administrativo”.
“Na avaliação do Conselho, considerando a gravidade dos fatos relatados pelas vítimas, ocorridos no exercício da profissão de corretor de imóveis, a suspensão cautelar da inscrição do investigado no Creci é fundamental para impedir o exercício da atividade, evitando a repetição de condutas delitivas e prejuízos irreparáveis a terceiros”.
“Assim que receber o inquérito policial, o promotor de Justiça irá emitir seu parecer sobre o pedido”, diz ainda o texto.
Leia mais
Fio desencapado provoca morte de adolescente que lavava casinha do cachorro em Lontras