BRASIL X URUGUAI, Mineirão, quarta-feira, 16h

PERGUNTA: Já são quatro vitórias seguidas, incluindo adversários de primeira linha como França e Itália. Felipão encontrou o jeito de a Seleção Brasileira jogar?

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DAVID COIMBRA: Encontrou. Ainda falta apertar alguns parafusos, mas a base está montada.

DIOGO OLIVIER: a amostragem ainda é pequena para saber ao certo, mas está melhor do que antes. Jogadores de características ofensivas estão desempenhando funções defensivas com eficiência até surpreendente, e isso é mérito de técnico. Pelo menos há conceito, padrão e esquema definidos. É o primeiro passo.

LUIZ ZINI PIRES: Felipão é um especialista no sistema mata-mata. Seus títulos nacionais e internacionais foram vencidos assim. Ele definiu um time, pegou a base de Mano Menezes, depurou e deixou jogar. Venceu o frágil Japão e embalou. O fator Brasil, torcida ao lado, ajudou. O trabalho motivacional de Felipão sempre superou as suas virtudes táticas.

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MARCOS CASTIEL: Felipão ainda não encontrou um jeito de a Seleção jogar. Ele encontrou uma forma, sim, de o Neymar ser mais produtivo e de a zaga da Seleção ser um pouco mais segura. Agora, formato tático, é muito embrionário, e um grande teste contra um Uruguai na semifinal e, se passar, contra a Espanha, aí sim, poderemos falar em fotografia tática

RODRIGO MÜZELL: Está conseguindo achar, com Neymar mais solto e Fred como referência. Mas falta ainda resolver a proteção à zaga, especialmente com os avanços de Marcelo.

PERGUNTA: O time da Copa é este?

DAVID: Quase este. O meio-campo talvez possa ser mais reforçado, é possível que surja algum fenômeno até 2014, mas a estrutura está armada.

DIOGO: Se Felipão continuar conseguindo fazer todos marcarem sempre assim, sobretudo os da linha de três meias atrás de Fred, sim. Mas gostaria de ver Hernanes ou mesmo Fernando no lugar de Hulk, deixando Neymar com menos obrigações defensivas e ficando mais tempo perto da área, numa faixa de campo onde ele é decisivo.

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ZINI: A base é, mas faltam 12 meses. Seleção sempre precisa chamar os melhores da hora. Em um ano, podem acontecer lesões. Os convocados de hoje podem atravessar má fase. Novos podem surgir.

CASTIEL: De jeito nenhum. Uma Seleção que mal se encontrou não permite este tipo de fisiologismo. O time da Copa das Confederações é este. Para a Copa é um esboço bem acabado. Muita água rola durante quase um ano. Não duvidaria nem se um Ronaldinho Gaúcho ressurgisse das cinzas.

MÜZELL: Dificilmente não vai mudar em um ano, mas parece que Felipão tem o esqueleto da equipe: Júlio César no gol, Thiago Silva na zaga, Paulinho no meio e Neymar no ataque.

PERGUNTA: Você acha que o clima de protesto que tem marcado BH pode entrar para dentro do estádio?

DAVID: Pode. O clima de protesto, hoje, entra em todos os lugares no Brasil.

DIOGO: Não. Em Fortaleza e Salvador correram boatos de ficar de costas na hora de cantar Hino Nacional, o que seria um mico mundial, e o que se viu foi a torcida empurrando o time.

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ZINI: Pouco provável. O sistema de segurança interno dos estádios é muito rígido. Pode haver manifestações, gritos, hinos nas cadeiras, mas os vândalos estão fora das arenas.

CASTIEL: Acho que não vai entrar no Mineirão o clima de protesto. No perímetro Fifa, inclusive em Belo Horizonte, o mundo é outro. O que rola lá fora não passa para dentro do estádio. O Brasil vai ter apoio como teve nos outros Estados. Só se jogar muito mal, mas aí aconteceria em qualquer lugar.

MÜZELL: Pode, em forma de cartazes, mas sem a tensão que se vê nas ruas.

PERGUNTA: O histórico de rivalidade entre as duas seleções pode equilibrar a partida?

DAVID: Poder, pode, mas o Brasil tem mais time e joga em casa. O Brasil é favoritíssimo para vencer.

DIOGO: Pode, claro. O Uruguai está em um momento ruim, mas venceu a Venezuela fora de casa nas Eliminatórias. Vai se recuperar. É a atual campeã da Copa América e foi semifinalista em 2010. Tem jogadores de primeira linha. E a garra charrua é algo muito sério.

ZINI: Pode, mas não acredito. O time do Uruguai está na repescagem das Eliminatórias da Copa. É veterano, parece cansado, exibe uma defesa frágil e tem apenas bom ataque.

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CASTIEL: Não só o histórico de rivalidade pode equilibrar o jogo, como o estilo tático do Uruguai tende a incomodar muito a Seleção Brasileira. Não é o tipo de jogo, pegado, defensivo e nos contra-ataques, que o Brasil gosta de encarar. Num exagero óbvio, o toque de bola espenhol é mais fácil para o Brasil encaixar do que a dinâmica uruguaia de atuar.

MÜZELL: Certamente. O Uruguai também ganhou moral com a vitória sobre a Nigéria, na qual o time esteve seguro e o ataque com Forlán, Cavani e Suárez funcionou.

PERGUNTA: O que o Brasil tem que cuidar em relação ao Uruguai?

DAVID: O centroavante Suarez é o melhor jogador do Uruguai. É agressivo e oportunista.

DIOGO: O ataque, com Cavani e Suárez. Se Forlán for escalado um pouco atrás, armando, como aconteceu em 2010, é um ataque perigoso. Como Julio César tem se mostrado inseguro nos chutes de média e longa distância, Forlán representa perigo.

ZINI: Os três atacantes, Forlán, Cavani e Suárez, se é que Oscár Tabárez irá escalar os três. Acho que ele será mais defensivo. Forlán deve começar no banco.

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CASTIEL: Obviamente o perigo que representa Luizito Suárez e Fórlan dispensa análise. Qualquer descuido significa muita complicação para a zaga. Há qualidade em campo também com nomes como Cavani e Lugano. Felipão tem um mérito, sempre faz ótima leitura dos perigos adversários e não vai descuidar de nomes como estes

MÜZELL: Os contra-ataques, com jogadores de muita rapidez e qualidade.

ESPANHA X ITÁLIA, CASTELÃO, QUINTA-FEIRA, 16H

PERGUNTA: A Espanha não perde partidas oficiais desde sua estreia na Copa do Mundo de 2010. É uma seleção imbatível? Por quê?

DAVID: Seria imbatível se tivesse um Messi ou mesmo um Neymar. Pode perder de um adversário duro como a Itália, mas é favorito contra qualquer time do mundo, hoje.

DIOGO: Ninguém é imbatível. Ainda mais se for quase um Barcelona, mas sem Messi.

ZINI: Joga junto desde a década passada, com pequenas variações. É formado por bons e experientes jogadores, com dois dos melhores meias do mundo, Xavi e Iniesta. Tem uma ideia de futebol clara e a pratica. É a melhor seleção deste começo do século. Ganha todos os torneios da Fifa desde 2008.

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CASTIEL: Obviamente a Espanha não é imbatível. Mas é absurdamente favorita na competição. É uma seleção amadurecida, possui encaixe tático revolucionário e encaixar um “jeito” de jogar contra eles é muito difícil. O contra-veneno, aplicado por alemães na Euro contra o Barça, demora para ser assimilado.

MÜZELL: Não é imbatível, mas é muito difícil de bater pelo teste de paciência que impõe aos adversários.

PERGUNTA: Quais são as principais virtudes da Itália nesta Copa das Confederações?

DAVID: É um time que joga com a bola na grama e não fica confinado à defesa. Além disso, tem grandes jogadores como Pirlo e Balottelli.

DIOGO: Posse de bola trocando passes com rapidez e sempre em progressão, o que dá velocidade ao time.

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ZINI: Não gostei da Itália, achei um time limitado, com um grande goleiro, Buffon, e um meia fora de série, Pirlo. No mais, é um time comum, sem grandes recursos e que desaponta até mesmo na defesa, sofreu 10 gols em três jogos, uma heresia entre os defensivistas italianos.

CASTIEL: Não desistir nunca, manter a concentração em momentos desfavoráveis, força defensiva são comuns à Itália. Mas a maior virtude é ter suas duas linhas de quatro homens tão sólida, que faz até o time adversário que há um Balotelli esperando para matar lá na frente.

MÜZELL: Ainda é a qualidade de Pirlo, organizando jogadas e na bola parada.

PERGUNTA: Quem é mais decisivo: Xavi/Iniesta ou Balotelli?

DAVID: Balotelli é mais decisivo, mas Xavi e Iniesta são melhores.

DIOGO: Xavi e Iniesta. Eles são o cérebro do time campeão mundial. Balotelli é um centroavante matador, mas sem nada de especial. Se a Itália jogar como diante do Brasil, com duas linhas de quatro e um meia entre elas, Super Mário ficará isolado.

ZINI: Não dá nem para a saída. A dupla espanhola é craque. O italiano é um bom jogador.

CASTIEL: Xavi e Iniesta são mais decisivos porque fazem um conjunto funcionar, uma coletividade. Balotelli tem brilho individual, é uma explosão de energia, mas a eficiência costuma sorrir mais para quem tem virtudes coletivas.

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MÜZELL: A dupla Xavi e Iniesta, que dão as mais variadas alternativas de ataque ao time, é mais importante. Individualmente, Balotelli é mais decisivo – encara sozinho uma defesa inteira.

PERGUNTA: No ano passado, as duas equipes fizeram a final da Eurocopa, e a Espanha goleou. Você acredita que pode acontecer de novo?

DAVID: Pode. A Espanha pode golear qualquer time do mundo, hoje.

DIOGO: Pode. Sobretudo se a Itália só se defender, como fez contra o Brasil, e seguir desfalcada de Pirlo e De Rossi. O time já está sem Montolivo, outro desfalque terrível.

ZINI: Jogos não se repetem, mas a Espanha tem a capacidade de golear a Itália em qualquer lugar, mesmo na Itália.

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CASTIEL: Não acredito em goleada, ela não se programa, acontece ao natural. Campeonatos diferentes, novos desafios, e a Espanha é muito respeitosa, não entrará pensando em goleada, não cairia nesta armadilha.

MÜZELL: Acho que sim. A Itália jogou uma boa partida contra o Brasil, mas teve fragilidades defensivas que a Espanha é perita em explorar.

PERGUNTA: Se o Brasil eliminar o Uruguai, que adversário você prefere que a Seleção encare na final? Por quê?

DAVID: A Espanha. Porque será um grande jogo, um grande clássico, e porque o Brasil será testado contra o melhor adversário.

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DIOGO: Espanha. Seria o teste da maioridade com maturidade do Brasil. É melhor perder a Copa das Confederações jogando bem uma final contra a Espanha do que ser campeão diante da Itália com erro de arbitragem ou na sorte. O que importa é ter um time afirmado em 2014.

ZINI: Prefiro a Espanha, a melhor seleção do mundo. Ganhar do campeão do mundo é melhor. Mas não creio que o Brasil possa encarar os europeus. Não hoje.

CASTIEL: Obviamente a Espanha não é imbatível. Mas é absurdamente favorita na competição. Pode parecer um absurdo, mas preferiria a Espanha. Não por facilidade, não por querer um título, mas por ter a exata dimensão de onde podemos chegar, o que podemos aprontar e em que podemos evoluir. Vitória seria apoteose, derrota um novo ensinamento.

MÜZELL: A Espanha. Esse é um confronto que precisa acontecer logo, antes da Copa de 2014, para mostrar em que pé a Seleção realmente está.

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