Os investigadores do sequestro das três mulheres em Cleveland acharam correntes e cordas onde permaneceram cativas durante uma década, afirmou nesta quarta-feira Michael McGrath, o chefe da polícia dessa cidade de Ohio (norte dos EUA), à cadeia NBC.

Continua depois da publicidade

– Temos confirmação de que estiveram amarradas e havia correntes e cordas na casa – afirmou McGrarh.

McGrath informou ainda que os três irmãos suspeitos de manter as mulheres em cativeiro devem ser indiciados até o fim do dia.

– A força tarefa de investigadores, formada pelo FBI e policiais de Cleveland, ainda estão interrogando as vítimas – informou, explicando que até os depoimentos serem concluídos não é possível descrever em detalhes como elas foram tratadas.

Imagem: Editoria de Arte

Continua depois da publicidade

Em função disso, não quis confirmar as informações de que elas teriam ficado grávidas várias vezes.

McGrath também disse que aparentemente elas só podiam sair de casa muito raramente.

– Elas eram levadas para o quintal de vez em quando, acredito. Sua condição física é muito boa, considerando-se as circunstâncias. (…) Também estamos interrogando os suspeitos. Eles estão cooperando.

Em entrevista publicada pelo jornal MailOnline, Anthony Castro, 31 anos, filho de Ariel Castro, dono da casa, contou que na residência do pai – a quem visitava com pouca frequência -, havia cadeados nas portas que dão para o porão, o sótão e a garagem. Segundo Anthony, o pai nunca permitiu que a família entrasse nesses locais.

Amanda Berry, 27 anos, e outras duas mulheres, Gina DeJesus, 23, e Michelle Knight, 32, foram encontradas na segunda-feira. Desaparecida desde abril de 2003, Amanda conseguiu colocar os braços em um buraco na porta de uma casa na cidade de Cleveland, no Estado de Ohio, e chamar a atenção do vizinho Charles Ramsey, no início da tarde de segunda-feira. Ele derrubou a porta, permitindo que Amanda, que estava com uma criança pequena, chamasse a polícia.

As três jovens teriam sido aprisionadas por três irmãos, detidos após o chamado de Amanda: Ariel Castro, 52 anos, Pedro Castro, 54, e Onil Castro, 50. Fontes ouvidas pela imprensa local afirmaram que as mulheres teriam sido amarradas e a polícia encontrou correntes penduradas em um dos tetos. As três jovens desapareceram quando ainda eram adolescentes e foram mantidas reféns na mesma casa.

Continua depois da publicidade

Amanda tinha 16 anos quando desapareceu após sair do trabalho. A mãe dela, Louwanna Miller, morreu de ataque cardíaco em março de 2006, ainda incansável na busca pela filha. Gina tinha 14 anos em 2004 quando sumiu após deixar a escola. Michelle fora vista pela última vez em 23 de agosto de 2002, aos 21 anos de idade, depois de ter ido visitar uma prima, segundo o jornal Cleveland Plain Dealer. Todos os casos ocorreram na mesma região da cidade, nas proximidades da casa onde foram encontradas. Para as autoridades, as três estavam mortas.

Ariel Castro foi descrito pelos vizinhos como um amigável motorista de ônibus e músico. O suspeito, porém, teria antecedentes criminais. Registros policiais mostram que Castro foi preso por violência doméstica e por perturbação da ordem pública em 1993. Ele também foi acusado de violentar sua ex-mulher em 2005, quebrando o nariz e as costelas dela.

Os agentes confirmaram que o suspeito usava como endereço em documentos a casa transformada em cativeiro. Os outros dois acusados moravam em lugares diferentes. Nenhum deles estava na lista das buscas feitas pela polícia nos últimos 10 anos.

O vizinho lavador de pratos que virou herói e sucesso na internet

Charles Ramsey, o vizinho que escutou Amanda Berry gritando por socorro, foi alçado a herói em Cleveland. Ele contou que costumava comer churrasco com o sequestrador e jamais suspeitou que as mulheres estivessem na casa.

Continua depois da publicidade

O áudio da chamada de Ramsey – lavador de pratos em um restaurante – para a polícia e sua entrevista à cadeia de televisão americana ABC transformaram-se rapidamente em virais, dada a veemência com que ele afirmava que apenas cuidava de sua vida e comia seu McDonald’s no momento em que viu a garota tentando escapar da residência na qual era mantida cativa por Ariel Castro.

– Ei, irmão, estou na Avenida Seymour, 2207. Te liga só, eu recém saí do McDonald’s, ok? E estou aqui na minha varanda comendo minha comidinha e essa mulher está tentando quebrar a p… da casa aqui do lado – disse Ramsey ao atendente do 911, serviço de emergência americano.

E acrescentou:

– Ela disse que se chama Linda Berry ou qualquer m… assim. Eu não sei quem ela é.

Ramsey relatou à imprensa que Castro parecia um sujeito normal:

– Ele só ia até o quintal, brincava com os cães, arrumava seus carros e motocicletas, e voltava para dentro de casa. Às vezes, você olhava para ele e depois desviava o olhar, porque ele não fazia nada além de coisas comuns. Não tinha nada de interessante sobre ele. Bem, até hoje.