Particularmente achei que seria fácil entrevistar a modelo de Lages Carolina Thaler, capa do Donna deste domingo. Alguns telefonemas para a agência de modelos e, pronto, eles nos passariam o telefone dela. Engano total. Comecei com a filial da Ford, em Florianópolis. Mas como a modelo é agenciada pela matriz em São Paulo, o contato precisava ser por lá.

Continua depois da publicidade

Fui informada pela assessoria de imprensa da agência que Carol embarcava naquela hora para Paris e que só no dia seguinte poderia falar com ela. Me sugeriram fazer a entrevista por e-mail. Disse que não. Precisaria ouvi-la. Não só porque poderia fazer mais perguntas e argumentar, se não entendesse alguma resposta, mas também para perceber seu tom de voz, quais assuntos a faz rir, sobre o quê foi constrangedor falar – detalhes que me ajudariam a construir o perfil desta menina. No início da manhã no dia seguinte, a assessoria me informou que Carol estava sem telefone em Paris. Insisti que precisava de algum número. Enquanto falava com a assessoria, entrei no Facebook, procurei por Carolina Thaler e deixei um mensagem com o pedido de entrevista.

Era quinta-feira. Precisava fazer a entrevista até sexta. O assessor disse que ia tentar um número. Mas era hora de buscar outras fontes. Liguei novamente para a Ford de SC, pedi o contato dos familiares da Carol. Consegui o telefone do pai, que me deu o da irmã, que confirmou que Carol não tinha fone em Paris. Só o do namorado.

– Podes, por favor, me passar o fone dele? Preciso falar com ela até amanhã de manhã para conseguir preparar a matéria com tranquilidade. Queremos fazer um perfil da tua irmã, contando sua trajetória como modelo até chegar, agora, a ser a única brasileira a desfilar para Prada.

– Tenho que pedir autorização. Peço para ela responder teu recado no facebook – disse Ana.

Continua depois da publicidade

Veio a manhã de sexta, e Carol não respondeu. Acionei a irmã novamente. Ela disse que tentaria falar com Carol. Eu e Ana trocamos alguns e-mails pela manhã. Mas nada de Carol responder ao meu recado ou aos da irmã. Entendendo a urgência da matéria, Ana, sem que eu pedisse novamente, me forneceu o telefone do namorado de Carol.

Carolina Thaler fazia 20 anos naquele dia e, por sorte, o namorado estava com ela quando liguei. Carol mostrou-se tímida ao telefone. Me fechei em uma sala da redação e conversei longamente com ela. Saí da sala e corri para Angela Muniz, a editora do Donna, para quem, pela manhã, eu tinha dito: “Fica tranquila. Eu vou falar com ela hoje”. É por aí: fontes oficiais e extraoficiais, insistência, boa educação, argumentos lógicos e, principalmente, crença de que vai dar certo. Por aí, corre-se com eficiência atrás de um entrevistado.