O corredor amador que foi desclassificado da Meia Maratona de Florianópolis por fraude utilizou um veículo para percorrer mais de 65% dos 21km da prova realizada no último domingo (24), na Capital de Santa Catarina. A estimativa é de que ele tenha percorrido menos de sete quilômetros correndo, o restante foi embarcado em carro ou moto, em parte fora do trajeto. Na última quarta-feira, a organizadora do evento esportivo, a Corre Brasil, informou que foi comprovado que o participante não cumpriu o percurso. Ele chegou a estar no pódio da categoria de sua idade na modalidade 21k (meia maratona).
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Pelos dados da corrida atrelados ao corredor, ele chegou a completar os quatro primeiros quilômetros normalmente, quando passou por um ponto de controle, e saiu do percurso em um veículo. Ele chegou a retornar ao trajeto brevemente no km 15 dos 21, onde havia outro controle, em retorno nas mediações da UFSC, no prolongamento da Beira-Mar Norte. Ele voltou ao percurso outra vez para o encerramento, pelo menos dois quilômetros antes da linha de chegada para ‘completar’ em pouco menos de 1h25m.
Entre as parciais, o corredor chegou a completar um quilômetro em 58 segundos. Se tivesse a mesma velocidade que estabeleceu no recorde mundial nos 100m rasos, de 9s58, Usain Bolt percorreria um quilômetro em aproximadamente 1m20seg. Eliud Kipchoge, primeiro homem a correr a distância de uma maratona (42km) abaixo de 2 horas, teve média de 2m50seg por quilômetro.
O proprietário da assessoria esportiva que tinha marca estampada na camiseta usada pelo corredor que fraudou a Meia Maratona de Florianópolis acredita que tenha recebido ajuda de outra pessoa no transporte durante a prova.
— Acredito que tenha sido premeditado, porque é difícil durante a prova um corredor pensar em tudo isso. Como também pode ter feito sozinho, deixado o carro em algum lugar. Ele é um colega da assessoria, não era aluno e eu não prescrevia os treinamentos dele. Havia contato e orientava ele por meio de mensagens, um contato limitado. Mas ele não era aluno. Falei com ele por telefone dias depois, falei que estava decepcionado e ele se desculpou — relata Guilherme Dutra.
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— Agora está totalmente desvinculado, por não aceitarmos a atitude anti-desportiva. Não é um jovem para passar a mão na cabeça, e nem foi uma atitude qualquer. Ele é uma boa pessoa, mas como profissional e como atleta, prefiro cortar a relação — reitera o treinador.
Para Guilherme Dutra, o ocorrido neste domingo vai aumentar o alerta para outras fraudes em provas de corridas de rua em Florianópolis
— Jamais tive conhecimento de um caso como esse. Há outros que vi e escuto como profissional deste segmento, mas que não são divulgados. Nesta mesma meia, vi gente cortando caminho sobre o canteiro. Se há um lado positivo do ocorrido é que as pessoas vão pensar um pouco mais antes de tentar fraudar uma prova. Inclusive em relação à troca de número de peito, de cedê-lo para um amigo, de não correr sem inscrição.