O presidente do Equador, Rafael Correa, e o da Bolívia, Evo Morales, assim como o pré-candidato democrata na eleição à presidência dos EUA Bernie Sanders, iniciaram nesta sexta-feira uma reunião no Vaticano para discutir a desigualdade social e uma economia mais justa e solidária.
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Os líderes “socialistas” foram convidados, junto com cerca de 20 sociólogos, economistas e políticos pela Academia Pontifícia para as Ciências Sociais, para um encontro que acontece hoje e amanhã. O evento é dedicado ao debate sobre as transformações registradas no mundo do trabalho desde o surgimento, há 25 anos, da encíclica de João Paulo II “Centesimus Annus”, sobre esse tema.
O senador Bernie Sanders chegou ao Vaticano em um momento-chave de sua campanha eleitoral, a cinco dias da crucial primária de Nova York.
“Fiquei impressionado com Francisco e com sua visão de uma economia mundial que funcione para todas as pessoas”, disse ele à imprensa.
Pouco antes de seu pronunciamento na Casina Pio IV, durante o qual citou todos os documentos fundamentais do pontificado de Francisco, Sanders reconheceu que o papa atual “desempenhou um papel histórico para tentar criar uma nova economia mundial e uma nova visão para o planeta”, disse.
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“Preferi perder um dia de campanha e aceitar o convite de participar. Pensei que era o correto”, afirmou.
Assim como o papa, Bernie Sanders criticou a “cobiça” e o sistema econômico, que “geram maior desigualdade social”.
“Nossa juventude não está satisfeita com as políticas corruptas e disfuncionais, nem com uma economia de desigualdade e injustiça”, insistiu.
Ao lado de Evo Morales, que apertou sua mão formalmente ao fim da exposição, Sanders também condenou os ricos “que escondem seu dinheiro em paraísos fiscais”, em uma alusão aos documentos do Panamá.
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Em sua exposição, o presidente Correa tratou das profundas mudanças registrados na situação política mundial desde 1991, ano de publicação da encíclica de João Paulo II, fortemente influenciada pela Queda do Muro de Berlim em 1989 e o fim da chamada Guerra Fria.
“Vivemos em um mundo que é o império do capital e o grande desafio do século XXI é conseguir a supremacia das pessoas sobre o capital”, advertiu.
“As grandes desigualdades criaram democracias restringidas, ou abertamente fictícias, onde parece ser que a soberania radica não no povo mas no capital”, discursou.
O presidente boliviano se pronuncia no sábado, depois de ter sido recebido hoje pelo papa em sua biblioteca para uma audiência privada de quase meia hora. Morales recomendou ao papa que tome coca por seus benefícios para a saúde e lhe deu três livros sobre o tema.
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