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O destino do labrador já está definido. Vai mudar-se para Tocantins com um cabo aposentado da PM, com espaço de sobra para correr e brincar. Para a soldado Andrea Metzner, adestradora de Black, é uma dolorosa despedida. Com lágrimas nos olhos, ela diz que prefere nem pensar na hora de dizer adeus.
_ É difícil me despedir dele porque a relação que temos com os cães é muito forte. Fico com eles até mais tempo do que com a minha família. É como um casamento _ diz.
Enquanto a hora de partir não chega, o labrador segue atuando na Operação Camboriú mais Segura, que desde o mês passado ocupa as áreas de maior índice de criminalidade na cidade. Dias atrás, encontrou drogas escondidas no porta-luvas de um carro.
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Trabalhos como este fazem parte da rotina do labrador. Dono de um faro aguçado, que chega a 400 vezes a capacidade humana, ele também acumula no currículo a descoberta de objetos roubados e armas _ uma delas, escondida atrás de uma parede.
_ Como era arma de um usuário, ele associou ao cheiro da droga. A parede era coberta de isopor e ele cavocou até achar _ conta Andrea.
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Afeiçoada ao labrador, Andrea resolveu atuar como personal trainer canina. Começou com caminhadas, aliadas a uma alimentação balanceada. Aumentou o ritmo e em poucos meses deixou Black pronto para o treinamento, que fez dele um campeão de faro.
Para os cães, trabalho não passa de brincadeira
Com exceção de Xeo e Bout, os demais são filhotes e ainda não foram liberados para o trabalho nas ruas. No batalhão, os cães têm as habilidades identificadas e aprimoradas para que possam exercer funções como guarda, proteção e busca de suspeitos na mata.
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O treinamento inclui brincadeiras com bolas, brinquedos de borracha, luvas para morder e muita atividade física. Além de velocidade e impulso em terra, para escalar muros e paredes, os cães nadam grandes distâncias. O treino é feito no mar, na Praia do Estaleiro.
Só podem fazer parte do K-9 cães-alfa, aqueles que se destacam nas ninhadas por serem agitados demais, curiosos e com capacidade de aprendizagem. O mesmo cão que faria um estrago no quintal pode ser uma opção perfeita para o trabalho policial, garante Andrea. Por isso, a maioria chega através de doação.
Os doadores são estimulados a visitar os cães durante toda a vida dele na polícia. E, quando se aposentam, podem levá-lo de volta para casa.
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_ Não é mais trabalho, é uma parte da minha vida. Me sinto realizada com cada conquista deles. Sei que vou ter que sair daqui um dia, mas vai ser para cuidar de bichos.
Hoje, o efetivo do K-9 tem ainda dois homens e uma mulher, a soldado Kelly Kletke. Segundo o subcomandante do Canil Central da PM em Florianópolis, capitão André Rodrigo Serafin, elas ainda são minoria entre os adestradores.
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_ As mulheres gostam muito dos animais, mas algumas não têm o perfil de adestradoras, que exige didática e metodologia. As roupas usadas também são pesadas, e os cães mordem com bastante força. Mas aos poucos elas estão conquistando seu lugar _ diz.
Para adestrar é preciso passar por provas técnicas, teóricas e práticas, de condução dos cães, e estar disposto a tomar, vez ou outra, algumas mordidas. Em compensação, a relação é de total cumplicidade.