A notícia de que o corpo do norte-americano Shane Gaspard, morto na noite de Natal em Penha, teria chegado aos Estados Unidos com ferimentos que indicam luta, soou inverídica para quem teve acesso ao corpo dele no Brasil. O Instituto Geral de Perícias (IGP) e a funerária que fez parte do traslado afirmam que o corpo saiu de Penha sem qualquer ferimento, além do que causou a morte.

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Dono da funerária Bom Pastor, Celso Fruet, explica que quando o corpo chegou ao aeroporto de Guarulhos (SP) foi examinado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pela Polícia Federal.

– Se tivesse algum problema ele não teria sido liberado. Eu garanto que ele saiu daqui e chegou ao aeroporto perfeito, sem nenhum ferimento.

Diretor do Instituto Médico Legal (IML) em Santa Catarina, médico legista José Maurício Ortiga, já havia adiantado que a necropsia no corpo indiciou que Shane não teria reagido à facada que o matou. O que sugere que o norte-americano possa ter se suicidado.

Nesta segunda-feira, Ortiga voltou a afirmar que o corpo saiu do IML de Itajaí sem outros ferimentos além da facada. O legista também diz que acha pouco provável que ferimentos como arranhões, citados pela família de Shane, possam ter sido causados durante o processo de embalsamamento.

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Em contato com a reportagem, a família do norte-americano informou que o corpo chegou aos Estados Unidos com o olho roxo, o lábio arrebentado e arranhões nas mãos. A família pode pedir que um novo exame seja feito nos Estados Unidos, o que pode atrasar o enterro. O sepultamento, conforme informou o pai de Shane, Donald Gaspard, poderia ocorrer hoje.

Drama familiar

O mistério envolvendo a morte do norte-americano de 42 anos, tratada pela polícia como um possível homicídio ou suicídio, é visto de maneiras distintas pelas famílias de Shane. De um lado a família norte-americana se queixa da falta de informações sobre as circunstâncias do esfaqueamento.

De outro, a esposa Ana Cristina da Silveira Gaspard, 39 anos, que vive em Navegantes, não comenta o caso. Ontem, por telefone, ela disse aos prantos que não conseguiria falar naquele momento, mas que daria uma entrevista quando estivesse melhor. Em outra ocasião em que foi procurada, Cristina declinou da entrevista por estar sob efeito de remédios.

A mãe dela, que estava na festa de Natal em que o genro morreu, informou que a família só vai se pronunciar após a conclusão do laudo pericial. Ela disse que a filha está doente.

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A casa onde Ana Cristina morava com Shane está praticamente abandonada. Uma vizinha disse que ela aparece durante a noite, mas vai embora rapidamente. A caminhonete do casal e objetos que estavam na garagem da casa ainda na semana passada permanecem no local.

Polícia norte-americana não se envolve na investigação

Barry Hebert, detetive na cidade de Lockport, no estado da Luisiana (EUA), diz que a polícia de lá não está investigando qualquer incidente que possa ter causado os ferimentos apontados pela família no corpo de Shane. Ele garante que por não ser de sua jurisdição, a investigação sobre a morte está sendo deixada a cargo da polícia brasileira.

Isso não impede, segundo ele, que a família solicite um novo exame no corpo de Shane. Conforme Hebert, a lei americana permite que a família requisite outra necropsia.

– A família pode pedir um novo exame, mas os ferimentos e as causas deles são responsabilidade das autoridades brasileiras – disse.

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O detetive foi procurado pela família de Shane para auxiliar no trâmite com o traslado do corpo até os Estados Unidos. Ele não viu o corpo.

*colaborou Dagmara Spautz