“É muito temeroso ao Estado democrático de Direito e à paz social de um país civilizado quando as pessoas fazem justiça com as próprias mãos como temos testemunhado nos últimos dias – uma prática criminalizada pela legislação penal, mas que parece estar se tornando rotina em determinados locais, frente à ocorrência desenfreada de alguns crimes e possível ineficiência do Estado em todas esferas e níveis governamentais. Tais atos nos fazem auferir que as pessoas não estão mais acreditando nas ações estatais de controle da criminalidade, não reconhecendo mais a noção de Estado e voltando à barbárie.
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Quando não se vislumbra punição ao ato criminoso, seja pela benevolência de nossa legislação elaborada por nossos “ilustres representantes”, seja pela existência dos diversos institutos protetivos aos infratores ou pela gama de assistencialismos à figura do criminoso – destacando-se as manifestações da Secretaria Nacional de Direitos Humanos -,se aflora esse senso de justiça entre as vítimas, colocando em xeque todo o aparato estatal. O Estado possui delegação do povo para promoção do bem-estar, da justiça e para a busca da paz social, mas começa ressurgir uma descrença neste pacto social que indubitavelmente resulta em mais injustiça.
Talvez seja o alerta do princípio da falência estatal, provocado pelo seu arcabouço jurídico e pela condução equivocada das políticas governamentais, que muitas vezes achincalham princípios e valores básicos da sociedade e do cidadão trabalhador e honesto. A reação do Estado tem que ser enérgica, em prol do bem comum, do bem maior – o bem do cidadão para o cidadão de bem. Como disse Rousseau, o mais forte nunca é bastante forte para ser sempre o senhor se não transformar sua força em direito e a obediência em dever.“