Lá se vão 40 dias desde que, em 26 de fevereiro, surgiu o primeiro registro de caso do novo coronavírus no Brasil. Em meio à pandemia da Covid-19, apareceu a necessidade de isolamento social para conter o avanço do vírus. Sem vacina ou remédio para tratar a doença, se manter em casa é a melhor medida, de acordo com os especialistas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

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A orientação vale principalmente para pessoas com mais de 60 anos e consideradas no grupo de risco, como cardíacos, hipertensos, diabéticos, com insuficiência renal ou respiratória, transplantados e ou em tratamento contra lúpus e câncer. O médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), Benedito Antônio Lopes da Fonseca, concorda. Para ele, ainda que a letalidade seja baixa, “o vírus não é desprezível”.

– O que a gente pode fazer é minimizar a transmissão do vírus. Isso se faz evitando o contato da pessoa infectada com outras que são suscetíveis. E nesse momento todo mundo é suscetível porque nunca foi infectado por esse vírus – alerta.

O isolamento social tem como medida básica levar ao que os especialistas chamam achatamento da curva. Se isso for alcançado, a doença pode rondar por mais tempo. Mas pacientes graves que precisarem de um leito de UTI, por exemplo, terão mais chances de conseguir uma vaga.

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– É melhor que fique por mais tempo e com menos intensidade do que tenha um crescimento agudo e o sistema de saúde não consiga anteder as pessoas – diz o infectologista pediatra e coordenador do curso de Medina da UFSC, Aroldo Prohmann de Carvalho.

Exemplos de outros países a serem seguidos

Há ainda outro enorme desafio para o Brasil. Enquanto a OMS orienta a testagem em massa como forma de contenção da doença – proposta colocada em prática na Coreia do Sul e China – o país não possui testes em larga escala. Por enquanto são testados apenas os casos graves da doença. Com testes em massa seria possível isolar os infectados e todos que tiveram contato.

Muitos brasileiros resistem ao confinamento. Mas a experiência de países como Hong Kong e Taiwan mostra que o distanciamento social ajuda a reduzir o contágio. A iniciativa foi adotada inicialmente em cidades da Itália, como Milão, mas afrouxada em seguida. Depois de milhares de casos e de mortes, o prefeito da cidade italiana reconheceu o erro.

O Imperial College de Londres coordenou um estudo assinado por mais de 50 cientistas renomados. O trabalho mostra que se as medidas adequadas forem tomadas, o mundo poderia evitar cerca de 40 milhões de mortes. O estudo fala especificamente do Brasil, afirmando que se medidas como o aumento de testes e isolamento social forem tomadas o país pode evitar cerca de um milhão de mortes.

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(Foto: AFP)

"Temos que ser firmes", afirma especialista, ao defender o isolamento social

Para Luciano Goldani, professor de Infectologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ficar em casa é a única arma para diminuirmos o número de infectados pela Covid-19. O distanciamento social é a ferramenta não farmacológica mais eficaz para conter a disseminação do novo vírus.

– Apesar do impacto econômico que sofremos em decorrência da medida, sair exceto para atividades essenciais, é a única arma para diminuirmos o número de pessoas infectadas e de óbitos pela Covid-19.

Para Goldani, conforme a evolução da pandemia novas meddias com maior ou menor restrição serão determinadas pelos gestores públicos.

– Não podemos é relaxar, temos que ser firmes.