O presidente argentino, Alberto Fernández, considerou nesta segunda-feira (30) que a estratégia de seu colega brasileiro, Jair Bolsonaro, diante da pandemia do coronavírus pode levar seu principal sócio comercial a uma espiral de contágios.

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– Complicado e lamento muito que não entenda a dimensão do problema – disse à Rádio con Vos ao ser questionado sobre o pedido de Bolsonaro aos brasileiros para que retomem suas atividades normalmente apesar do avanço da pandemia no Brasil, onde se registram 4.256 casos e 136 mortes – conforme última atualização do Ministério da Saúde, na tarde de domingo (29).

A Argentina compartilha com o Brasil uma fronteira de cerca de 1.100 km de extensão e é o principal destino de suas exportações.

– O Brasil é 70% do Produto Bruto sul-americano e nosso principal parceiro econômico. Temo que com essa lógica (o Brasil) entre na mesma espiral (de contágios) da Espanha, Itália ou Estados Unidos, que quando declararam a quarentena já era tarde – enfatizou.

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Bolsonaro afirmou no domingo que ” o Brasil não pode parar”, em discurso oposto ao do seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que havia ressaltado a importância do isolamento social na luta contra a doença. Na opinião de Bolsonaro, “se não morrer da doença, morre de fome”.

A Argentina tomou o caminho contrário e, além de de fechar as fronteiras, o governo estendeu no domingo por mais duas semanas, até 12 de abril, uma quarentena obrigatória que começou em 20 de março.

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– Aos argentinos, minha gratidão porque entendem a razão do que peço e sinto que acompanham a ideia – disse Fernández sobre o confinamento obrigatório, que foi amplamente acatado.

A Argentina registrou até às 14h30min (de Brasília) segunda-feira (30) 820 casos positivos do novo coronavírus e 22 mortos, segundo o último balanço oficial.

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O país sul-americano está se preparando com o condicionamento de mais leitos hospitalares e a aquisição e produção de suprimentos para um eventual pico de contágios, projetado para o início de maio. Apesar das medidas antecipadas de isolamento para conter as infecções, o presidente argentino admitiu que a situação será difícil.

– Teremos dificuldades, haverá mais contágios e pessoas morrerão, mas quero que nos doa o mínimo possível – declarou.