O avanço do coronavírus em Santa Catarina pode comprometer uma cadeia que é essencial para a economia e também para a alimentação do país e do mundo. Por enquanto as agroindústrias estão mantendo o seu ritmo de produção. A Aurora Alimentos inclusive divulgou uma nota nesta quinta-feira informando que está intensificando medidas preventivas nas indústrias, como medição de temperatura corporal, uso de máscaras e acompanhamento de profissionais de saúde. Trabalhadores que estão em grupos de risco foram dispensados. Tudo para manter a produção.
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“Nesse momento particularmente preocupante da vida nacional, a Aurora manifesta seu inarredável compromisso de continuar produzindo alimentos de qualidade para o Brasil e o mundo. Essa postura é essencial, pois eventual falta ou escassez de comida na mesa dos brasileiros tornaria caótico e imprevisível – sob o aspecto de segurança alimentar – um quadro que já é delicado e preocupante sob aspecto de saúde pública” diz parte da nota.
O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados (Sindicarne), Jorge de Lima, também falou que existem milhares de animais do campo que precisam ser abatidos.
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O presidente da Associação Catarinense de Avicultura, José Ribas Júnior, disse que há uma preocupação com a saúde dos trabalhadores mas também com o impacto que a paralisação dos abates geraria no campo, podendo impactar na suspensão de cerificados de exportação.
As empresas tiveram que se adaptar e fretar ônibus para dar conta da suspensão do transporte público, pelo Governo do Estado. Em Chapecó a Auto Viação colocou 30 dos 88 ônibus da empresa, que não podem fazer mais o transporte coletivo, para atuar no transporte dos trabalhadores para as agroindústrias Bugio, BRF e Aurora. A recomendação é que somente sejam transportados os trabalhadores sentados.
Somente em Chapecó e Guatambu são mais de 15 mil trabalhadores que atuam nas agroindústrias, segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes de Chapecó (Sitracarnes), Jenir Ponciano de Paula.
Diariamente são abatidos cerca de 13 mil suínos, 350 mil frangos e 35 mil perus, somente em Chapecó e Guatambu.
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Apesar da medidas que estão sendo tomadas o presidente do Sindicato está preocupado e considera que a paralisação será inevitável em caso de agravamento da situação.
– Nós fechamos a sede do sindicato mas estamos acompanhando o transporte, tivermos reunião com a Bugio nesta quinta-feira e estamos vendo alternativas para recuperação dos dias em feriados em caso de paralisação. A gente vê os dois lados, a importância de produzir alimentos, dos animais no campo, mas também da saúde do trabalhador. Numa sala de abate tem 500 pessoas uma perto da outra e se um estiver contaminado, há o risco de transmissão. É uma situação complicada mas se piorar vamos ter que parar – disse.
Ele afirmou que já há caso de trabalhadores que não querem ir para o trabalho, com receio do coronavírus. Mas que cada dia a situação será avaliada pelos sindicatos.