Doutor em saúde pública pela Universidade Federal de Santa Catarina, o ex-reitor da instituição, Lúcio Botelho, acredita que o momento não é de flexibilização do isolamento social no combate à pandemia de coronavírus. Em entrevista à CBN Diário nesta quinta-feira (16), o especialista em epidemiologia defendeu uma unidade entre os entes públicos visando o bem coletivo. O Estado iniciou as restrições há um mês, mas permite aos poucos a retomada de atividades.
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— Não dá para pensar que vamos atingir uma coletividade responsabilizando cada cidadão por andar de máscara ou por fazer o isolamento. Este talvez seja o maior dano neste momento. Políticas frouxas, com direções opostas, deixando a população desinformada. É um momento mais coletivo do que individual. Isso precisa ter um papel mais equânime. O que vemos são os governos tomando decisões distintas — afirma o doutor.
Ouça a entrevista com o doutor Lúcio Botelho:
Para o professor Lúcio Botelho, a responsabilidade pela unificação das ações de combate ao coronavírus está no poder do Estado. Segundo o especialista, exemplos internacionais de governos que tomaram as rédeas do isolamento na pandemia mostram os melhores resultados. No Brasil, entes federais, estaduais e municipais adotam medidas diferentes para o enfrentamento ao mesmo problema.
— No nosso entendimento, não é momento de flexibilizar. E a discussão não é entre economia e saúde. A discussão é uma só, no sentido da sobrevivência coletiva. Não dá para acharmos o tempo inteiro que a vítima é culpada. Há medidas atenuantes e medidas que demandam posição forte do Estado. Os países que tiveram sucesso fizeram valer o isolamento — pontua Botelho.
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Santa Catarina chega à quarta semana com regras de restrição social. Setores como a construção civil, mercado automotivo e comércio de rua, no entanto, receberam permissões para voltarem às atividades. O Estado tem até o momento 884 casos confirmados de coronavírus e 29 mortes causadas pela doença Covid-19; no Brasil são 30.425 pacientes diagnosticados e 1.924 vítimas fatais.