Embora situações recentes mostrem que o coronavírus pode ter efeitos graves em pessoas jovens, a maioria das mortes e casos que evoluem para síndromes gripais mais drásticas ocorre na população idosa. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, a taxa de letalidade da Covid-19 chega a ser 13 vezes maior entre quem tem mais de 80 anos em comparação às pessoas com idade entre 50 e 55 anos.
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Em Santa Catarina, das 17 mortes registradas pela Secretaria de Estado da Saúde até esta quinta-feira (9), apenas três foram de pessoas com menos de 60 anos. Em nível nacional, 77% das vítimas fatais estavam na faixa etária de risco.
Divulgada nesta quarta-feira (8), uma pesquisa do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) analisou dados do IBGE e do Data SUS para mapear onde estão e como vivem os idosos do grupo de risco do coronavírus no Brasil. Coordenado pelo pesquisador Marcelo Neri, o estudo mostra que, de 2012 para 2018, a população com mais de 65 anos aumentou em 20% no Brasil.
Comparada a países que vivem atualmente o pico da pandemia de Covid-19 e registram números elevados de mortes, o índice de idosos no Brasil e em Santa Catarina ainda é baixo. A pesquisa mostra que 14% da população brasileira tem mais de 60 anos, enquanto na Itália, por exemplo, o número é de 29,8%. A porcentagem de italianos idosos tem sido, inclusive, um dos vários pontos utilizados para explicar o número de mortos pela doença no país.
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Conforme a pesquisa, em Santa Catarina metade dos 295 municípios tem população idosa superior aos 14% da média nacional. Em sua maioria, cidades pequenas e no interior que tiveram um envelhecimento da população nas últimas décadas. No Oeste do Estado, as vizinhas Alto Bela Vista e Peritiba têm os maiores percentuais de idosos em Santa Catarina, 24,6% e 23%. Em ambas as cidades, cerca de 4% da população já passou dos 80 anos.
“De maneira geral, os idosos brasileiros estão localizados em domicílios menores e possuem renda relativamente alta, homogênea e estável frente ao conjunto da população. Tais fatores auxiliam o desenho e a operação de políticas de isolamento social e de proteção a este grupo. As maiores dificuldades encontradas estão na baixa escolaridade e na dificuldade de coletividade deste grupo”, diz o estudo da FGV.
Para os médicos infectologistas, cabe a população idosa ou de outros fatores do grupo de risco a principal recomendação durante a pandemia do coronavírus: isolamento social. Ficar em casa, evitando contato com outras pessoas o máximo possível, é a melhor forma de prevenção. Um alerta especial dado pelos médicos ouvidos pela reportagem é o do contato com as crianças. Os jovens podem portar o vírus e não apresentar sintomas, e assim passar a doença para os avós, por exemplo.
— Temos que ter atenção com os idosos. Evitar o contato deles com crianças, que transmitem o vírus, e também evitar os deslocamentos desnecessários para fora de casa. Se possível, peça para alguém ir ao mercado, fazer compras. Temos que fazer uma grande rede de ajuda entre vizinhos que se disponibilizem a fazer isso para os mais velhos — afirma o secretário de Saúde de Santa Catarina, Helton Zeferino.
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