Os pacientes encaminhados para a ala de tratamento do novo coronavírus do Hospital São José, de Criciúma, estão tendo a oportunidade de ver quem está por trás daquela parafernália de máscaras e capas, que parece até uma roupa espacial. Os profissionais que atuam no combate à Covid-19 estão usando crachás humanizados, com uma foto em que aparece o rosto e usando roupa normal.
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O médico intensivista Marcelo Brum Vinhas, contou em matéria publicada no site do hospital, que o uso de EPIs é bem trabalhoso.
– Nossa rotina mudou bastante. Mesmo trabalhando todos os dias num hospital, temos muito receito pelo contágio agora. Sempre tivemos todo cuidado necessário, mas na atual situação, precisamos intensificar alguns hábitos e criar outros. Eu particularmente trabalho em três hospitais da região; colocar todos estes equipamentos, retirá-los, fazer a higienização necessária, ter que se deslocar de um hospital para outro e vestir novamente. Não tem sido tarefa fácil. Os EPIs, quando usados por muito tempo, cansa, apertam, a máscara não é nada confortável, a gente sua, mas sabemos que é necessário, que temos que nos proteger e foi por isso que nos formamos, para tratar os pacientes todos os dias, independente de qualquer circunstância – disse o médico.
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A instituição informou que há três meses já estava se preparando para enfrentar o coronavírus e por isso já fez estoque de EPIs, começou a organizar fluxos, montar sala de triagem específica e abrindo novos leitos de UTI. Os profissionais que trabalham nessa ala também foram isolados de outros setores do hospital.Diariamente o hospital disponibiliza 90 kits de proteção, que chegam a ter três camadas, incluindo um escudo de acrílico. Pensando em trazer um alívio para os pacientes, o setor de enfermagem resolveu criar os crachás que possam ser facilmente identificados.
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A enfermeira Tatiana Pereira, que há 13 anos trabalha no São José, disse que essa é uma rotina bem diferente de tudo que viveu.
– Confesso que receber pacientes acometidos com Covid-19 gera na gente um certo frio na barriga, porque agora não temos apenas que ter cuidado com o paciente em especial; o cuidado precisa ser com a equipe, comigo, com minha família e isso mexe muito com nosso emocional, que precisa estar bem estruturado. Mesmo com toda essa tensão, percebo uma grande união da equipe, o cuidado mútuo. A gente entende que a necessidade de EPIS, que são trabalhosos e precisamos ter todo cuidado ao colocar e ao retirar, mas sabemos a importância. E em meio a tudo isso, vemos o cuidado da direção do hospital em nos oferecer condições de trabalho e atendimento com psicóloga à disposição e suporte da nossa gerência. Sei que tudo isso vai passar e estaremos mais fortes – disse Tatiana.