A disponibilidade de equipes médicas capacitadas para atendimento de pacientes com coronavírus em Santa Catarina preocupa entidades de saúde. Diante do novo aumento de casos graves da doença no Estado, o receio é que não haja profissionais preparados caso seja necessário ampliar os leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) de imediato.
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Sinal do agravamento da pandemia, o mapa de risco divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) aponta que 13 das 16 regiões de Santa Catarina estão sob risco gravíssimo para a doença. A classificação leva em é calculada a partir da a partir da combinação de fatores como transmissibilidade do vírus, leitos vagos e aumento de casos ativos de coronavírus em cada região.
A ocupação de leitos UTI chegou a 82,4% nesta quarta-feira (25), índice superior ao registrado durante o pico anterior da doença, em agosto. Em cidades como Blumenau, Tubarão, Criciúma e Araranguá, hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (UTI) atingiram lotação máxima nos leitos de UTI nesta semana.
Presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM), Ademar José de Oliveira Paes Junior disse nesta quarta que a maior preocupação agora é quanto à disponibilidade de médicos, enfermeiros e técnicos capacitados para atuarem em UTIs. Diferente do que ocorreu no pico anterior da doença, quando havia a preocupação com equipamentos e insumos médicos, dessa vez o receio é que faltem equipes capacitadas.
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— O que nós estamos preocupados é em relação às equipes qualificadas, não só médicos, mas o time todo precisa estar muito qualificado, porque são pacientes extremamente graves (…) Se houver necessidade de aumentar o número de leitos, não há dificuldades em você obter equipamentos. Mas você vai ter que ter uma estratégia de treinamento muito rápido, de qualificação de equipes, que eu não vejo hoje uma estratégia bem estruturada — declarou Ademar, em entrevista ao Bom Dia Santa Catarina, da NSC TV.
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Ainda na entrevista, o presidente da ACM classificou que o momento é de “extrema tensão” por conta do agravamento da pandemia. De acordo com ele, o aumento de casos entre os próprios profissionais de saúde é outro fator que preocupa e que pode acarretar em uma possível defasagem nas equipes médicas.
O Conselho Regional de Enfermagem (Coren-SC) acrescenta que, no caso dos técnicos de enfermagem e enfermeiros, além de os profissionais precisaram de qualificação para o atendimento em UTIs, o que é um processo demorado, outro fator que dificulta na composição de quadros é o salarial. A entidade destaca que algumas instituições continuam oferecendo vagas com salários muito abaixo do mercado ou do mínimo ético de referência para a categoria.
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A reportagem procurou na manhã desta quarta a Secretaria de Estado de Saúde (SES) para questionar sobre a capacitação de equipes médicas no atendimento à Covid-19, mas não recebeu retorno até esta publicação. A assessoria informou que a secretaria deve se manifestar por meio de nota até o final da tarde.
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Adoção de novas medidas depende do cenário dos próximos dias, diz Fecam
A alta nos casos e o aumento na lotação das UTIs também gera apreensão nas prefeituras. Segundo o presidente da Federação Catarinense de Municípios (Fecam), Paulo Roberto Weiss, a adoção de novas medidas contra a doença depende de uma avaliação do cenário nos próximos dias, principalmente quanto à ocupação das UTIs.
— Logicamente que nos preocupa muito esses novos índices de contaminados, porque num curto prazo de tempo isso vai levar à ocupação completa dos leitos de UTI. A principal preocupação dos prefeitos nesse momento é reaver os leitos que foram desabilitados — disse Paulo Roberto, que é prefeito da cidade de Rodeio.
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Na semana passada, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informou que 232 leitos de UTI haviam sido desabilitados, e notificou os hospitais para que eles voltassem a funcionar. Conforme a secretaria, o custeio dos leitos para Covid 19 está garantido e o governo busca a habilitação de mais leitos no Estado.
Nesta terça-feira (24), foram confirmadas mais 36 mortes pela doença em Santa Catarina. Conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde, são 24.052 casos ativos de Covid-19. No acumulado, o Estado tem 3.530 mortes e 332.076 casos confirmados desde o início da pandemia.
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