O prefeito Udo Döhler, de Joinville, concedeu entrevista na manhã desta segunda-feira (6) para a Rádio Globo Joinville. Ele comentou sobre a situação do coronavírus na cidade e afirmou que até agora o número de casos é considerado pequeno. Segundo ele, são três pacientes observados em hospitais e os demais em tratamento domiciliar.

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– A situação, por ora, está relativamente bem controlada. O isolamento social está sendo bem conduzido e a população tem dado uma contribuição boa, tem mantido o afastamento necessário – avaliou.

Rádio Globo – Como o senhor avaliar a flexibilização gradual das regras de isolamento social no Estado?

Udo Döhler – Acho que essa flexibilização está ocorrendo de forma adequada, pelo menos aqui em Joinville. Nós defendemos essa flexibilização, que deve começar exatamente pelos autônomos, que são pessoas individuais, então o risco de contágio é infinitamente menor. Por outro lado, também tem aquela parte da população mais vulnerável, isso inclui os informais. Se nós não permitirmos que eles voltem lentamente às atividades, não se trata de aglomeração porque é um número pequeno de pessoas que são atendidas lá. Desde que guarde a distância, acho que essa flexibilização é adequada.

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Udo Döhler – Deixa eu aproveitar a oportunidade para dar uma boa notícia. O núcleo da mulher da Associação Empresarial de Joinville (Acij) está desenvolvendo uma campanha "Máscara para todos". Estivemos trabalhando fortemente neste fim de semana nesse programa. Estamos aderindo ao programa para que a gente consiga fazer com que todo cidadão tenha sua máscara em Joinville. Já temos empresas comprometidas que estão produzindo essas máscaras, não que elas fiquem prontas amanhã, mas acontece que lentamente nós vamos nos afastando dessa temperatura um pouco mais quente. É esse clima que nos permite que fiquemos mais distantes do coronavírus, mas o frio se aproxima lá pelo mês de julho. Então, a intenção é de que nos próximos dois meses a população possa ter sua máscara disponível. Essa máscara vai permitir que a circulação, dentro dessa flexibilização, possa ser cada vez mais segura. Porque dentro da residência não há necessidade de usar a máscara, apenas se usa quando estamos em circulação. Essa flexibilização, com o uso da máscara, vai permitir com que a gente possa ficar bem distante de um risco maior.

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Rádio Globo – Qual será a ação da prefeitura para que não aumente tanto os casos nesta semana em que algumas atividades já começam a voltar?

Udo Döhler – Estamos preparando uma ação de divulgação para que a população continue adotando a conduta que vinha tendo até aqui. Com essa flexibilização que vai ocorrer de forma lenta e gradual, fazer com que as pessoas mantenham o distanciamento umas das outras e as aglomerações. Isso não tem acontecido em Joinville. A população está bem distribuída, não existe aglomeração. E essa flexibilização, começando pelos autônomos e informais, vai permitir com que a população lentamente se eduque. À medida em que nós vamos usando cada vez mais a máscara, naturalmente as pessoas vão ficar mais distanciadas uma da outra porque não faz sentido as pessoas usarem máscara e andarem abraçadas por aí. Isso não vai acontecer, a população de Joinville já está tendo esse cuidado. Nós temos este entendimento de que essa flexibilização não vai atrapalhar desde que cada um tenha esse cuidado que já vinha tendo até aqui, evitar cumprimentos, manter distanciamento e usar cada vez mais a máscara.

Rádio Globo – O senhor acredita que pode haver nova flexibilização no transporte coletivo?

Udo Döhler – Hoje nós temos apenas um terço das indústrias atuando com sua atividades. Ou seja, bem abaixo do que recomenda o próprio decreto estadual, que é de 50%. Mas existe ainda algumas situações concentrações maiores. O que as indústrias vêm fazendo? Mesmo com a atividade reduzida, elas estão alargando os turnos de trabalho: em vez de trabalhar em um turno, trabalha em dois… Para que as pessoas possam ficar mais bem distribuídas nas plantas industriais. Aí surge um fato novo que parte do transporte era feito pelo transporte coletivo e outra por vans. Como esse número é bastante reduzido, mas os turnos estão se alargando está faltando vans, por incrível que pareça. Então, nossa sugestão é que a gente possa usar ônibus comuns, identificados de que se trata apenas de transporte de trabalhadores. Isso já acaba flexibilizando um pouco mais. O que acontece hoje é que aqueles que estão indo ao trabalho, por falta de um transporte adequado, estão indo de bicicleta, motocicleta, enfim, com bastante sacrifício. Então, poderíamos usar esses ônibus regulares exclusivamente para o transporte de trabalhadores. Naturalmente, o transporte para a população é para um segundo momento. Por enquanto, temos que cuidar um pouco desse isolamento que está em curso.

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Rádio Globo – Qual o motivo para as obras públicas ainda não estarem em andamento?

Udo Döhler – Até então, essa atividade era vedada dentro das determinações do Estado. Ela só foi flexibilizada agora nos últimos dois dias. A construção civil volta a funcionar, isso significa que as nossas obras públicas contratadas voltam a operar. Todo o sistema de pavimentação, independentemente se nós temos um tráfego maior ou menor, voltará a funcionar. Até então, as obras estavam paralisadas por uma determinação do Governo do Estado. Como isso foi flexibilizado, a partir desta semana, essas obras estarão voltando ao seu ritmo normal.

Rádio Globo – Como vão funcionar as férias coletivas de parte dos servidores?

Udo Döhler – Nós vamos aproveitar esses profissionais mais lá adiante quando será necessário. Hoje, todos os profissionais das áreas da saúde e educação, que são atividades essenciais, continuam funcionando. Estamos tratando dos outros servidores, cerca de 2 mil, que não são serviços essenciais. Esses estão usufruindo das férias agora e lá adiante terão oportunidade de atender a população quando se tornar necessário.

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Rádio Globo – Como está a situação da educação? Como foi a preocupação para que o conteúdo chegue aos alunos (nas aulas à distância) e também com o trabalho do professor?

Udo Döhler – Esse é outro bom momento que acontece em Joinville. A nossa educação à distância já começou a funcionar. Estamos monitorando esses alunos através dos seus pais. O retorno tem sido altamente positivo, estamos muito satisfeitos. Isso ao mesmo tempo nos trouxe um outro momento que até nos passou despercebido. Acontece que quando as pessoas estão confinadas não tem muito o que fazer. No momento em que os pais cuidam da educação dos seus filhos, esse ambiente muda, fica mais descontraído, mais leve. Isso vem acontecendo e nós estamos extremamente satisfeitos com os retornos que estamos recebendo. Então, essa nossa educação à distância está funcionando relativamente bem. Todos os kits e materiais já estão disponíveis.

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Udo Döhler – Deixa eu aproveitar para falar da área da saúde. Nós recebemos 400 testes rápidos do Estado, mas é um número irrisório, insuficiente. O Estado tem 15 mil kits para distribuir pelo Estado inteiro. Nós compramos agora 16 mil kits rápidos que vamos utilizar exclusivamente na área da saúde. Esses kits devem chegar aqui em meados do mês para fazer com que a gente consiga prevenir um afastamento maior da saúde porque é exatamente esse grupo de pessoas que está mais próximo da contaminação. Um teste rápido evita que a gente faça isolamento e reduza esse afastamento. Hoje, isso já preocupa um pouco. Estamos com 12 postos de saúde fechados. Quase um terço dos nossos profissionais de saúde hoje estão em observação. Esses testes rápidos vão permitir com que a gente possa manter esse contingente atendendo adequadamente à população.

Rádio Globo – Quando devem voltar as aulas presenciais?

Udo Döhler – Nós só voltaremos às aulas presenciais no momento em que isso acontece no Estado como um todo porque quem coordena essa ação é o Governo do Estado.

Rádio Globo – Vai ter redução de salário para saúde e educação a partir da metade do ano?

Udo Döhler – O município vive de receitas que são exclusivamente decorrentes de impostos: o ICMS – nossa maior receita – IPTU – receita própria -, Imposto sobre serviços. Então, nossa receita caiu consideravelmente. Para se ter uma ideia, o ICMS caiu 50% e os serviços do município continuam os mesmos. É o mesmo número de servidores atendendo na área da saúde, da educação. E é preciso fazer face a esse corte substancial nas receitas. Temos trabalhado forte nesse sentido, temos um comitê de economia no município para que a gente consiga construir um fôlego suficiente, usando recursos aos quais não tínhamos acesso até agora para que não viemos a correr o risco de ter que prejudicar o salário do servidor porque a hora em que isso acontecer já vamos perder essa força de trabalho necessária. Hoje, dos nossos 12,6 mil servidores, 10 mil estão alojados em duas áreas que são essenciais: saúde e educação. E aí não podemos perder o empenho de nenhum servidor. Estamos trabalhando fortemente para que o prejuízo, caso venha a ocorrer, seja o menor possível.

Rádio Globo – Qual a opinião do senhor sobre o adiamento das eleições?

Udo Döhler – É o tempo que vai nos dizer o que vai acontecer lá adiante. A nossa prioridade agora deve ser a de cuidar exclusivamente do coronavírus. A retomada lenta da economia, prevenir algumas situações que devem ser consideradas, como a fome que já atinge um bom número de pessoas, e estamos cuidando de tudo isso. Se esse quadro se reverter a nossa expectativa, as eleições poderão acontecer porque serão apenas em outubro. Se essa doença se alargar ao longo do tempo, teremos mais dificuldades para que as eleições ocorram lá em outubro. Mas acho que estamos muito distantes dessa data e, lamentavelmente, hoje estamos perdendo algum tempo discutindo muito essa questão das eleições. Devemos esquecer as eleições por um momento e cuidar um pouco mais do coronavírus. Neste fim de semana já passou o prazo para movimentação dos candidatos que mudaram de partidos. Agora, que a eleição também fique um pouco de quarentena.

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