Há uma semana, o psicólogo Kleber Aiolfi Luz vivenciou sua colação de grau da faculdade de psicologia de Joinville. A formatura foi na sala de casa, com os pais no quarto ao lado para não atrapalharem a cerimônia e os diretores e educadores a 522 quilômetros, distância diminuída por sua presença em tempo real em pequenos quadradinhos na tela do computador. Em plena época de distanciamento social por causa do coronavírus, a formatura “online” foi o jeito encontrado para que Kleber, depois de mais de cinco anos de dedicação ao curso de ensino superior, tivesse direito ao certificado de conclusão da faculdade.

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A formatura da turma de psicologia de 2019 da Faculdade Guilherme Guimbala foi realizada no início de fevereiro. Como Kleber mudou para São Paulo para trabalhar assim que as aulas terminaram, em dezembro, ele não pode estar presente na cerimônia oficial.

— O curso de psicologia exige muita dedicação, tempo e dinheiro no último ano, porque você quase não consegue trabalhar em função da quantidade de estágios. Eu precisava me capitalizar e tive a oportunidade de vir para São Paulo trabalhar em outra área para me recuperar deste período — explica Kleber.

Assim como aconteceu com outros formandos da mesma instituição de ensino que não puderam participar da colação de grau oficial, Kleber tinha uma data marcada para a colação em gabinete: 20 de março. O problema é: dois dias antes, tudo fechou em Santa Catarina para respeitar o decreto 525/2020 do Governo do Estado, como forma de prevenção ao contágio do novo coronavírus.

Kleber esperou, sempre em contato com a faculdade, que a reabertura dos serviços ocorresse em até duas semanas. Como a situação parecia longe de acabar, a procuradora institucional da faculdade entrou em contato com o MEC, que autorizou a colação de grau “à distância”.

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— Eu fiquei muito grato quando veio a resposta, porque eu precisava do meu diploma. Foi uma atitude arrojada e criativa, e acho que todas as universidades deveriam começar a fazer isso, porque às vezes o conservadorismo atravessa a vida dos alunos. Acho que esse momento vai fazer com que todo repensem muitas coisas que, antes, eram travadas pela tradição — analisa ele.

Na formatura de Kleber, participaram o diretor geral da faculdade, a gestora acadêmica do curso de psicologia, o gestor acadêmico da faculdade, a procuradora institucional e a secretária do curso que esteve em contato com o formando para garantir que a colação fosse possível. Como é necessário ter uma testemunha, uma amiga dele, já formada em psicologia, também participou e, mesmo vivendo em São Paulo, a presença dela também foi “virtual”. Nada disso tirou a emoção de chegar ao fim da trajetória acadêmica.

— Eu não era apegado às tradições de formatura, sou uma pessoa mais prática. Mas isso não significa que, depois, eu não celebrei com a minha família, e acho que fui até mais acolhido pelos meus pais do que se estivéssemos em uma cerimônia lotada — analisa.