Após o retorno das atividades escolares do ensino da rede municipal, nesta sexta-feira (3), com aulas oferecidas à distância, questões como a falta de acesso à internet de algumas famílias preocupam. Os 74 mil alunos da rede municipal de Joinville terão acesso aos conteúdos para as aulas à distância por meio do site da Prefeitura de Joinville. O município decidiu optar pela modalidade de ensino não presencial durante o isolamento de prevenção ao coronavírus em Santa Catarina.
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A secretária da Educação, Sônia Fachini, explica que o Ensino à Distância (EaD) é uma modalidade específica de universidades. Na situação do ensino básico, segundo ela, dada a situação atípica no país, a alternativa tem sido chamada de "atividades pedagógicas domiciliares", uma vez que as atividades não chegam aos alunos apenas por meio da internet.
Acesso à internet
AN – acesso à internet e ao computador não é uma realidade de todos os alunos da rede de ensino. Como isso está sendo considerado e como será o procedimento em relação a estes casos?
Sônia Fachini – a Secretaria da Educação preparou um material que vai chegar na mão dos alunos por diversos modos. O fato de alguns alunos não terem acesso à internet é uma realidade conhecida pelas unidades escolares por terem um contato muito próximo com todas as famílias. Toda a equipe técnica e pedagógica das escolas tem conhecimento sobre quais alunos realmente têm a impossibilidade de acesso à internet. A equipe terá um contato direto com as famílias, que vai receber esse material de maneira impressa. A maneira como o material vai chegar ao aluno é uma decisão interna junto à gestão da unidade: se os pais podem buscar ou se serão levadas à casa do aluno. Essa assessoria fica por conta da unidade escolar que lida diretamente com os responsáveis.
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AN – em relação às crianças não alfabetizadas e sem acesso à internet, como será feito?
Sônia Fachini – os responsáveis ou os pais são os leitores. Da mesma forma que os professores conduzem em sala de aula, os pais vão conduzir em casa. Nas atividades estará especificado o momento em que os pais ou responsáveis devem fazer isso.
AN – e em realidades nas quais os pais ou responsáveis não saibam ler, por exemplo?
Sônia Fachini – toda a comunidade reconhece as crianças que têm. Provavelmente, essas crianças e famílias que não têm nenhum acesso, a escola poderá promover momentos específicos para a criança comparecer à unidade escolar. São situações com as quais os gestores de cada unidade vão saber lidar. Se, neste momento, o estudante em uma condição tão específica não conseguir realizar nenhuma das atividades, no momento do retorno presencial às atividades, nós avaliamos a forma como esse conteúdo será recuperado; em um outro momento, como no contra turno, por exemplo.
Atividades
AN – como serão as atividades na prática?
Sônia Fachini – todo o tema escolhido é o coronavírus. Em matemática, por exemplo, eles vão se deparar com exercícios relacionados ao número de casos. Ou seja, são questões que vão levar o exercício do aluno para relembrar aquilo que já consegue fazer sozinho. Se ele tiver dúvidas, ele vai ter o acesso para perguntas por meio de uma sala de aula virtual em uma plataforma chamada Google Classroom. Os professores vão manter o contato com esses alunos. Para aqueles que não têm acesso, as perguntas podem vir por telefone aos gestores que darão o retorno às crianças.
AN – quem conduz o conteúdo das atividades são os pais?
Sônia Fachini – depende. Em alguns momentos sim e em outros não. Elas são chamadas de atividades pedagógicas domiciliares porque têm dois objetivos específicos: relembrar e reforçar aquilo que o aluno já aprendeu. Não existem conteúdos novos. São conteúdos sobre os quais os alunos já lidaram.
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AN – como os pais podem conduzir as atividades? Levando em conta os casos nos quais os pais também precisam acessar os dispositivos para o trabalho, por exemplo.
Sônia Fachini – nós conversamos com os pais para que eles montem, com seus filhos, uma rotina de estudos. As aulas de acompanhamento em conjunto, que vão acontecer por meio do Google Classroom, podem ter tempo de acessos, inclusive com relação ao professor, que não precisa estar conectado ao mesmo tempo em que os alunos. É importante que continue o vínculo com a família, uma vez que isso já acontece nas aulas presenciais. Se os pais têm dificuldade em montar isso com o filho, ele pode buscar os profissionais na escola.
AN – como a Secretaria da Educação tem considerado a situação dos pais que possuem mais de um estudante matriculado na rede ensino municipal?
Sônia Fachini – a melhor maneira é procurar fazer essa gestão com os seus filhos para que possam acompanhar atividades que os alunos devem fazer. É uma novidade para todo mundo. Todos nós vamos experimentar esse tipo de ação, tanto na escola como em família. Conforme as coisas vão acontecendo, a escola continua sendo referência para as famílias. Em caso de dúvidas, os pais devem ligar para a escola. Cada casa tem uma dinâmica e a escola pode fazer orientações.
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AN – os conteúdos contam como hora/aula?
Sônia: conteúdos disponibilizados contam como as horas que as crianças teriam naquela semana. No material já está especificado. Essa carga horária depende de acordo com o ano em que a criança está.
Crianças especiais
AN – com relação aos alunos com dificuldade de concentração, aprendizado, ou crianças especiais, quais serão as medidas?
Sônia Fachini – há a possibilidade de adaptação do material. Na plataforma que disponibilizamos tem, por exemplo, uma área específica para educação especial. Lá são propostas atividades com os pais, e que também são atividades que reportam aquilo que o aluno dá conta. As crianças precisam ter a rotina de escola. As instruções e material está adaptado na plataforma, e também o atendimento com o professor por meio do Google Classroom, inclusive com as professoras de atendimento educacional especializado. Reforço que nada do que vai entrar agora é novidade, e sim, algo que os alunos conseguem fazer, junto com os familiares.
Avaliação dos alunos
AN – como serão os critérios de avaliação? Todos serão avaliados da mesma forma?
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Sônia Fachini – a avaliação no contexto escolar não significa, necessariamente, provas e notas. A avaliação é constituída pela participação, pelo progresso que eles têm. Todo o material tem exercícios a serem feitos. O professor vai poder avaliar o que os estudantes deram conta de fazer. Diante disso, atribuímos a ele conceitos de como ele evoluiu e, inclusive, se será necessário retomar no momento do retorno às aulas presenciais.
Aulas por rádio
AN – como funcionarão as aulas por rádio?
Sônia Fachini – a partir da semana que vem teremos horários específicos na rádio. Serão todos os dias, com horários preestabelecidos, podendo haver horários diferentes de repetição para aqueles que não conseguem ouvir em um determinado período. Os horários estão sendo desenhados e serão disponibilizados a partir da próxima semana. Serão momentos da educação infantil, do ensino fundamental 1, fundamental 2, momentos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Nós vamos pensar em temas que estão sendo estudados e que serão apresentados aos alunos por este material. Vamos conversar sobre eles, dando as dicas e falando um pouco sobre os exercícios que ali apresentam. Com certeza, neste momento, perguntas vão surgir. A cada retorno à rádio para o momento seguinte de aula, as dúvidas podem ser retomadas. Os conteúdos serão apresentados por uma equipe grande da qual fazem parte os professores e também profissionais da comunicação.
Escolha de conteúdo
AN – por quem foi preparado o conteúdo dos materiais?
Sônia Fachini – o material foi preparado pela equipe técnica pedagógica da secretaria da educação em conjunto com professores e gestores da rede. São pessoas que têm facilidade de escrita de material. Está tudo muito bem relacionado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), nesta compreensão de como o material pode chegar da melhor maneira e mais acessível ao aluno para que possam trabalhar isso com os familiares. Os materiais têm este formato neste momento, mas os professores também podem entrar na plataforma e acrescentar materiais adjacentes.
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Capacitação para uso da plataforma
AN – como será a capacitação oficial dos servidores, pais e alunos sobre o tipo de programa a ser utilizado?
Sônia Fachini – nós temos utilizado a comunicação com as famílias por meio das mídias que temos. A prefeitura de Joinville já lançou alguns vídeos. Eles estão sendo contatados pela secretaria. A plataforma tem um espaço específico chamado “fale conosco” para dúvidas. Quem tiver dificuldade de acesso, colocamos tutoriais bem explicativos, mas também estamos à disposição para atendimento por telefone para auxiliar. Já os professores iniciaram hoje uma formação. Todas as salas por escola já foram montadas pelos integradores de mídia que serão os tutores dos professores. Muitos profissionais já lidam com essa tecnologia com muita facilidade, mas também terão os tutores para auxiliar.