Na última quarta-feira (15) o Governo do Estado confirmou 71 casos positivos de coronavírus em Joinville, o que torna a cidade a segunda de Santa Catarina com mais confirmações, ficando atrás apenas da capital Florianópolis. Com as medidas adotadas durante o período, como o isolamento social e uso obrigatório de máscaras em algumas regiões, outra situação tem gerado preocupação: o correto descarte do lixo possivelmente contaminado.

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Conforme o gerente regional da Ambiental Serviço de Limpeza Urbana e Saneamento de Joinville, Marco Antônio Avila, embora a quantidade de lixo não tenha aumentado a partir do isolamento social, é necessário que a população tome os devidos cuidados com o manuseio e empacotamento do lixo.

– Nós não temos como fazer essa diferenciação a respeito das residências de pessoas infectadas, já confirmadas ou não – completa.

Segundo ele, a Ambiental tem orientado para que as pessoas amarrem bem as sacolas dos resíduos possivelmente contaminados e as coloquem em um segundo ou até terceiro pacote reforçado para evitar qualquer possibilidade de contaminação. Outros cuidados também devem ser tomados, como a higienização das mãos antes do manuseio das sacolas e, possivelmente, a limpeza desses pacotes com álcool antes do descarte.

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Joinville coleta, em média, 11,5 mil toneladas ao mês de resíduos orgânicos. Conforme Marco Antônio, não houve redução nem aumento expressivos na quantidade de lixo gerado na cidade, mas houve o deslocamento e descentralização.

– A Via Gastronômica, por exemplo, está gerando pouquíssimo resíduo. No entanto, as pessoas que ali se alimentavam, agora estão em casa. O resíduo só mudou de lugar. Ainda não sentimos diferença operacional na quantidade de resíduos gerados na cidade – explica.

E o lixo hospitalar?

O processo de descarte do lixo hospitalar é, naturalmente, diferente do lixo comum. Avila explica que a coleta é feita por carros menores e impermeabilizados para que não haja vazamentos. Ao chegar ao aterro sanitário, os resíduos passam pelo sistema de autoclavagem, que é um tratamento em alta temperatura para matar vírus e bactérias que possam existir. Após esse procedimento, o lixo é enterrado juntamente ao comum, uma vez que torna-se também inerte.

A cidade coleta cerca de 70 toneladas de lixo hospitalar mensalmente. Após a pandemia do novo coronavírus, essa quantidade sofreu aumento de cerca de três toneladas, segundo Avila. Os resíduos são coletados de postos de saúde, hospitais, laboratórios e clínicas.

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– Mesmo com esse pequeno aumento, está sendo comportado dentro da estrutura da coleta, dentro do esperado – garante.

Mesmo com medidas de proteção, profissionais da coleta estão expostos

Tanto profissionais que atuam com reciclagem, quantos coletores que estão nas ruas estão expostos a riscos
Tanto profissionais que atuam com reciclagem, quantos coletores que estão nas ruas estão expostos a riscos (Foto: Maykon Lammerhirt / Arquivo NSC)

Os caminhões de coleta de lixo da cidade já são equipados com água e sabão para higiene pessoal dos profissionais que atuam com a coleta de lixo, além da utilização de luva por parte dos profissionais há anos. As medidas, no entanto, foram reforçadas, com a disponibilização de detergente, álcool gel e aumento da capacidade de reserva de água limpa nos caminhões.

Com o decreto da Prefeitura de Joinville que obriga a utilização de máscaras a partir do dia 23 de abril para algumas atividades na cidade, estes profissionais também deverão adotar a medida.

– Entendemos que vai ser difícil porque é uma atividade física, requer esforço físico e a máscara pode atrapalhar a respiração, eles podem acabar suando muito. Mas vamos implementar a máscara como define o decreto que está vigente. Esses são os cuidados que devem ser tomados, além da orientação que damos a todos – destaca Marco.

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Conforme ele, apesar das medidas, os profissionais estão expostos uma vez que atuam nas ruas.

– O risco existe, eles (os funcionários) estão nas ruas, mas a gente tomou as precauções indicadas para tentar minimizar o risco para todos eles. Pedimos às pessoas que tenham realmente o cuidado de fazer essa embalagem dupla ou tripla para que a gente tenha reduzido o risco de contágio dos nossos funcionários. Este é um serviço que, se parar, nós podemos ter um problema muito sério – recomenda.

Coleta não teve mudança operacional

Avila também explica algumas dificuldades enfrentadas durante o período da pandemia e isolamento social. Com o menor fluxo de veículos nas ruas, os caminhões de coleta chegam mais cedo às residências. Com isso, alguns usuários do sistema da coleta registraram questionamentos quanto ao deslocamento das equipes.

– Com a quarentena, a produção de resíduos nos condomínios aumentou muito. Sem trânsito nas ruas, os caminhões estavam chegando mais cedo em todos os locais; até uma hora e meia mais cedo, às vezes. Não se dando conta disso, as pessoas acabavam não abrindo a lixeira ou não colocando o lixo fora. Em alguns casos, antes o caminhão demorava cerca de 20 minutos para chegar a alguns bairros, por exemplo, agora leva cinco ou dez minutos – reforça.

Outra dificuldade enfrentada foi com os materiais reciclados, especialmente no início do isolamento social. Conforme Avila, as cooperativas que recebem os resíduos oriundos da coleta seletiva estavam com dificuldades de comercialização dos produtos. Por esse motivo, as cooperativas sofreram superlotação. Com isso, durante alguns dias não havia local para descarga adequada. Os materiais foram depositados temporariamente em uma área isolada do aterro sanitário. A partir do momento em que foram abertos os espaços físicos nas cooperativas, os resíduos foram novamente levados para triagem.

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