Há dois anos, Berenice Sofiete trocou o calor e a beleza do Rio de Janeiro pela contemporaneidade de Milão, na Itália. O medo da violência a levou a atravessar o oceano e ficar mais perto da filha. Há quatro meses, ela acompanha de perto o desenvolvimento do neto. Francesco Frederico nasceu e cresce em uma das principais cidades do Velho Mundo, reconhecida pelos fortes laços com o universo da moda.
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Há pouco mais de uma semana, o cotidiano da família mudou drasticamente. Desde que a Itália se tornou um dos principais focos da pandemia do coronavírus, Berenice, a filha, o genro e o netinho sofrem com as restrições impostas pelo governo italiano para frear a transmissão e os impactos do vírus. O dia a dia da família passou a ser entre quatro paredes. Todos atuam profissionalmente no esquema de home office.
– Não podemos sair de casa. Só com motivo sério, como comprar produtos de extrema necessidade, e ainda assim tem que ter uma declaração. Se você não for da cidade e a polícia parar, é passível de multa ou até mesmo detenção – conta Berenice, que conversou com a reportagem por meio de uma ligação por vídeo de um aplicativo de mensagens.
Das janelas de casa, ela conta que vê as pessoas que precisam circular pelas ruas todas usam máscaras. Os mercados têm filas enormes, com as pessoas respeitando a distância de 1,5 metro. Para evitar esse tipo de situação, Berenice diz que apela para as compras on-line. Porém, os pedidos chegam a levar até duas semanas para serem entregues.
– É como se fosse uma guerra. Por isso, a gente toma bastante cuidado e evita desperdício de comida – conta.
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Em meio a esse cenário, Berenice conta que tem momentos de celebração e uma demonstração de humanismo. Diariamente, às 18h, todos vão para as janelas e cantam, no embalo dos sinos das igrejas, em um ritual que os italianos buscam despertar a solidariedade e, de certa forma, se “abraçarem”, mesmo separados pelos vidros das janelas.
Com a experiência que vive há mais de uma semana com restrições, ela procura passar os cuidados adotados na Itália aos amigos que vivem no Brasil. E aos catarinenses, que passam a lidar com o coronavírus mais de perto a partir da última semana, deixa um recado:
– Não tenham pânico, tenham cuidados. Não pense só em você, pense nos outros. Você pode infectar muitas pessoas com esse vírus. Evitem as belas praias que vocês têm, evitem multidões. É só por um tempo. Tudo passa, e logo as coisas vão voltar a ser como antes – afirma Berenice.