Procurado pela reportagem, o prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro (PSDB), fala sobre os trabalhos, o papel da população, os desafios, os ensinamentos e como ele acredita que a sociedade passará por essa pandemia.

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Confira na entrevista a seguir:

Como está o combate à doença hoje?

Criciúma se antecipou no enfrentamento à Covid-19, antes mesmo do decreto de isolamento e distanciamento social. Formamos um gabinete de avaliação com demais entidades. Criamos dois centros de triagem, no Centro e no bairro Boa Vista, e transformamos antigo Hospital Psiquiátrico do Rio Maina no Centro de Tratamento e Retaguarda, com mais 138 leitos. Atuamos com carros de som nos bairros, criamos site exclusivo com informações sobre a Covid-19 e contato com a população via WhatsApp. Compramos testes rápidos, e, já aplicamos mais mil testes. São mais 20 mil testes adquiridos e a experiência segue.

A população de sua cidade está tendo bom comportamento?

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A percepção empírica aponta que 80% da população está usando máscaras. O número de infectados estabilizou e os internados confirmados em UTI mantém média de dois a três por semana. Isso mostra uma relação de respeito e educação entre ações de governo e adesão por parte da população. Criciúma é sempre muito unida em torno de causas nobres. Muitos precisam trabalhar e apoiamos a flexibilização inteligente da economia. O transporte coletivo, por exemplo. Curitiba, que é case nacional de bons resultados, liberou o transporte, com cuidados. Acredito que SC tem que rever a situação.

Qual é o principal desafio neste momento?

Em Criciúma, encontramos o “fio da meada”. As coisas estão funcionando. Santa Catarina precisa olhar para a flexibilização inteligente. Precisamos usar tudo que construímos nas cidades, e agora, começar a pensar um pouco mais na questão do trabalho, do desemprego e na renda das pessoas que mais precisam. As vidas e o trabalho das pessoas para manter o sustento da família não são coisas opostas. Muito se fala, erroneamente, de escolher um ou outro. Discordo, são duas coisas complementares. Esse é o maior desafio de SC hoje.

Qual é o maior ensinamento que a pandemia lhe deu?

Como gestor público e como ser humano, foi algo que nunca vivi em minha vida. Deve ter sido assim, dadas as devidas proporções, em épocas de guerra. Todo mundo assustado, ninguém na rua, vidas perdidas e economia em colapso. Ainda estamos aprendendo todos os dias. Acho que a caridade e sensibilização do ser humano afloraram. Vejo mais pessoas dispostas a ajudar umas às outras. Como gestor, tenho aprendido cada vez mais que planejamento, resiliência e frieza nas ações assertivas é o que mantem as instituições funcionando com eficiência para bem atender a população em um momento tão difícil.

O senhor acha que a nossa sociedade será melhor depois da pandemia?

Sim! Vamos melhorar como seres humanos, muito apegados as coisas desse mundo, aos bens materiais, aos valores que não edificam. Vejo a bondade sendo exercida com mais intensidade. Vejo também que vamos começar a ter outras formas de conviver, com intensificação de cuidados com a higiene, de se comunicar usando novas tecnologias e ferramentas inovadoras, e mais focados em cuidar da família e das pessoas que amamos. Essa nova cultura vai tornar as administrações públicas mais humanizadas, e, espero, a saúde como um todo tenha um ganho significativo em recursos humanos e infraestrutura.

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