A morte de dois idosos e a confirmação de outros sete casos em um asilo na cidade de Antônio Carlos, na Grande Florianópolis, acendeu o alerta para a situação desses lares em meio à pandemia do novo coronavírus. É fato que os idosos estão no grupo de risco da Covid-19 e que a letalidade da doença aumenta conforme a idade dos pacientes, o que torna os ambientes fechados de asilos um ponto de atenção no controle do vírus.
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A situação veio à tona na semana passada, após a confirmação da morte de um idoso de 86 anos que estava internado em São José. Ele morava no asilo em Antônio Carlos e, após a confirmação da morte por Covid-19, outras 50 pessoas no local – entre moradores e funcionários – foram testadas para coronavírus.
Ao menos outros seis idosos e um funcionário tiveram o resultado positivo, além de uma mulher de 66 anos que também estava abrigada no local e faleceu dias depois em um hospital de Biguaçu.
O médico geriatra Roberto Esmeraldino destaca que os idosos em asilos demandam atenção especial em meio à pandemia, e que o período deve ser de muito cuidado:
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– A grande maioria são portadores de doenças crônicas, e em geral são idosos mais frágeis, são mais propensos a adquirir doenças infecciosas, e pelo fator de risco ter um quadro mais grave.
Esmeraldino destaca que os idosos devem manter isolamento, com as visitas proibidas e muito cuidado na higiene com quem vier de fora, como funcionários e profissionais da saúde. Além disso, medidas de segurança devem ser tomadas para o caso de novas admissões nas instituições.
– É importante orientar bem os idosos sobre o que está acontecendo, porque é difícil para eles, vão ter que ficar sem visitas, uma rotina diferente, é um período difícil para todos nós. E em caso de novas entradas, o ideal é o idoso passar por uma avaliação. Na minha opinião não deve restringir, tem que deixar entrar, mas ele tem que ser observado por um período – destaca o geriatra.
Ministério Público orienta os asilos
Antes mesmo do início do período de quarentena em Santa Catarina, o Ministério Público já havia encaminhado a asilos de todo o Estado orientações sobre prevenção ao novo coronavírus. Os comunicados têm sido atualizados a cada nova medida apontada por órgãos como o Ministério da Saúde. Segundo dados de vistorias do MP feitas entre 2018 e 2019, Santa Catarina possui 207 asilos que atendem 5392 idosos.
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– A orientação sempre foi de seguir as autoridades sanitárias e tomar o maior cuidado possível. Agora [depois das mortes] a atenção redobra, mas já deveria ser do mesmo nível, ou tão rigorosa quanto, desde que começou a transmissão comunitária em Santa Catarina – avalia o promotor Douglas Roberto Martins, coordenador do Centro de Apoio dos Direitos Humanos e Terceiro Setor do MPSC.
Recomendações para as instituições
A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) emitiu uma série de recomendações para o cuidado com quem vive nas chamadas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs).
Além de ações tradicionais como o cuidado com a higienização, a SBGG recomenda que os asilos reduzam o uso de ar condicionado e mantenham ventilação natural nos ambientes. As visitas devem ser suspensas e atividades em grupo devem ser restritas, e profissionais de saúde que apresentem qualquer sintoma respiratório precisam ser afastados do trabalho, mesmo sem registros de Covid-19 por perto.
Os geriatras reforçam também que qualquer morador da instituição que tiver sintomas respiratórios deve ficar isolado e com movimentação restrita no local, de preferência utilizando um banheiro exclusivo. O mesmo vale para quem teve contato com casos confirmados de Covid-19.
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