São 9h16min da manhã e uma senhora com cabelos bem branquinhos caminha de máscara pela Rua Namy Deeke em direção à XV de Novembro, em pleno Centro de Blumenau. O movimento é atipicamente tranquilo naquela que é a principal via do comércio da cidade. Congestionamento nos lugares de sempre? Nem perto. Os poucos carros que passam pela via se contrastam com algumas dezenas de pedestres com passos apressados.
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Blumenau não tem nenhum caso confirmado de coronavírus, mas as preocupações e orientações das autoridades, ao que parece, se transformaram em precaução por parte da população. Uma vaga de estacionamento às margens da XV, antes tão cobiçada pelos motoristas aligeirados, ficou à disposição por mais de 20 minutos — algo inimaginável para um dia “normal”, digamos assim. Ao mesmo tempo, panfleteiros questionavam o pouco vaivém de pessoas pela calçada — afinal de contas a remuneração deles depende disso.
— Ontem eu já tinha percebido que diminuiu (o número de pedestres), mas hoje tá menos ainda — conta Márcio José Araújo, 42 anos, que desde 2015 distribuiu panfletos próximo à Catedral São Paulo Apóstolo.
E não é só Márcio que percebeu essa diferença. Taíse, que faz pesquisas para uma empresa, tinha dificuldades em encontrar pessoas à disposição para responder as perguntas. Essa diferença é sentida também por agentes de trânsito que trabalham nas ruas, que também notaram uma diminuição no movimento e de engarrafamentos nas primeiras hoje da manhã.
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Confusão por álcool gel
Nas farmácias, álcool gel é artigo de luxo: o espaço reservado a esse produto nas prateleiras está vazio, e as pessoas questionam se há previsão de que mais frascos cheguem em breve.
Em uma farmácia próximo à prefeitura de Blumenau, a gerência teve que distribuir senhas para aqueles que queriam comprar álcool gel. Mas não funcionou. Uma confusão foi registrada e até segurança privada teve de ser chamada.
— Foi um bate-boca. Um querendo passar na frente do outro para pegar produto. Mas já foi resolvido — disse o vigilante que preferiu não se identificar.

Corre-corre nos supermercados
Em muitos supermercados de Blumenau, a manhã se assemelhava ao anúncio de que uma enchente está a caminho. Nas prateleiras, produtos como água e ovos ou se esgotaram, ou precisam ser repostos com muito mais frequência de que o normal.
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Longas filas se formavam nos caixas, com carrinhos de compras abarrotados de suprimentos. Achar um lugar para colocar o carro no estacionamento do mercado era como um teste matinal de paciência e espera.
O presidente da Associação Catarinense de Supermercados (Acats), Paulo César Lopes, destaca que esse corre-corre é exagerado, já que não há nenhum indicativo de desabastecimento para a região. O que ocorre é uma demora na recolocação de produtos nas prateleiras por conta de uma comercialização atípica para o período.

— Estamos acompanhando essa situação em todas as regiões do Estado. Nós não temos nenhuma notícia de que as indústrias pararam ou deixaram de fornecer. Como as pessoas estão comprando além do que necessitam, a reposição acaba não sendo no tempo que se espera, principalmente de produtos como leite, ovos, que têm constância de abastecimento. Falta nas prateleiras porque as lojas têm uma programação de reposição que não dá conta, justamente por esse consumo além da previsão — destaca Lopes.
O presidente da Acats completa, e afirma que as pessoas precisam ter mais calma nesse período:
— O apelo que fazemos é de as pessoas não se desesperarem. Não há falta de nada, não precisa estocar o que não precisa. As pessoas chegam a comprar itens que nem usam e vale lembrar: tudo, até mesmo produtos de limpeza, tem prazo de validade. Então é bom evitar.
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