“Gripezinha”, “histórico de atleta”… As expressões utilizadas pelo presidente da República Jair Bolsonaro para minimizar a pandemia do coronavírus no país dividiram o Brasil. Apoiadores e adversários políticos se digladiam a cada frase ou ação do principal chefe do Executivo do país em meio a crise que causa mortes e provoca diversos danos sociais e econômicos.
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Em meio a essa polarização, surge uma dúvida: um atleta de alto rendimento está mais protegido ou suscetível à ação do vírus? A reportagem conversou com dois profissionais que atuam na área para tentar responder essa pergunta.
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O preparador físico e fisiologista Alexandre Souza, que integra a comissão técnica do treinador Hemerson Maria e está no Brasil de Pelotas-RS, é objetivo e claro:
– Uma pessoa com o peso ideal e fisicamente ativa é menos suscetível a problemas, tem imunidade muito maior – afirma.
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A opinião é compartilhada com o médico Luis Fernando Funchal, chefe do departamento médico do Avaí. Ele ressalta que para uma pessoa atlética, que pratica esportes regularmente e tem bom condicionamento físico, a tendência é de ter uma maior reserva biológica.
– Um atleta de alto rendimento, bem preparado, tende a ter maior resistência, combatividade e imunidade às doenças infecciosas – comenta, destacando a necessidade de se avaliar o histórico e as características de cada indivíduo.
Além dos cuidados físicos há uma preocupação com o psicológico. Souza conta que diariamente desenvolve um questionário de bem-estar, que envolve o sono, a alimentação e a saúde mental.
– O corpo começa pela mente. Se a mente não estiver bem, o corpo não vai estar bem – pondera o fisiologista, apontando que alguns jogadores relataram estresse elevado e até dificuldades para dormir.
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Funchal, por sua vez, conta que conversa frequentemente com os atletas e que nenhum deles manifestou algum sinal de ansiedade ou até mesmo de depressão.
Pesquisa aponta crescimento de casos de depressão entre atletas do futebol profissional
A depressão vem crescendo entre homens e mulheres que vivem de jogar futebol e os motivos apontados pela Federação Internacional de Jogadores Profissionais (FIFPro) são o isolamento social e as incertezas quanto ao futuro. A entidade publicou na última segunda-feira, dia 20, no site oficial o resultado de uma pesquisa, feita entre 22 de março a 14 de abril, com 1.602 atletas em confinamento na Inglaterra, França, Austrália e Estados Unidos.
Dentro do universo pesquisado, foram ouvidas 468 jogadoras de futebol, das quais 22% responderam que apresentam sintomas de depressão. Entre os homens, 13% admitiram manifestações da doença. O transtorno de ansiedade generalizada foi apontado por 18% dos jogadores e 16% das jogadoras.
No início do ano, estudo idêntico já havia sido feito pela entidade, com o apoio de pesquisadores do hospital da Universidade de Amsterdã. Na ocasião, a pesquisa registrou que 11% das mulheres e 6% dos homens reconheceram ter sintomas de depressão.
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A FIFPro tem cerca de 63 países filiados. A entidade pontua que o estudo é uma reflexão social, e por isso não defende a retomada apressada das competições.
(Com informações da Agência Brasil)