“Vamos transformar Floripa na ilha do samba”. A frase surgiu de brincadeira em meio a um papo sobre qual a identidade musical da Capital, e ao se chegar à conclusão de que não há um único gênero predominante na Ilha. Embora soe presunçosa a afirmação, Florianópolis tem um circuito de samba consolidado com pelo menos 20 redutos dedicados ao estilo. Ali, há noites e tardes específicas, ao longo da semana, com público cativo – faça verão ou inverno.
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E que tal um grupo que prioriza o choro – subgênero do samba considerado cult e, por assim definido, com menos apelo entre a grande massa – manter-se há seis anos na cidade, com apresentações regulares e integrantes cujo a única atividade profissional é mesmo a música? Com vocês, o Côro de Gato e seu insight, agora já não tão maluco assim, de colocar o samba num lugar de “responsa” em Florianópolis.
O grupo ilhéu sobe ao palco da Casa de Noca, na Lagoa da Conceição, hoje à noite, para lançar seu primeiro CD, Sambando Devagar. O disco chega com onze composições autorais – 10 delas saídas da cabeça de Álvaro Fausane, um boêmio declarado que de dia estuda música na Udesc e de noite desliza os dedos virtuoses sobre um violão de sete cordas.
– É um CD de exaltação ao samba. Algumas músicas têm relação total com a ilha, como Samba da Carona, que fala desta cultura de Florianópolis em dar carona, hábito único entre as capitais brasileiras – comenta.
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A música que dá nome ao disco foi composta ao amigo e parceiro Fernando Girardi, o dono do cavaquinho no grupo, e que estudou no Conservatório de Tatuí, no interior de São Paulo. O som é uma analogia a um estilo de vida que tem a ver com o choro, algo com menos hora marcada e mais “dolente”.
Confira vídeo com o grupo tocando Sambando Devagar
Completam o grupo Flávio Araújo (percussão), Adriano Miranda (clarinete e saxofone), Angela Cristina (participação especial constante nos vocais) e Ruan Correa (percussão), vindo de uma família de sambistas tradicionais de Florianópolis e que aprendeu a tocar percussão aos cinco anos com o irmão Flávio Luis, intérprete da escola de samba Consulado.
– Ainda toco com o pandeiro que ele me deu aos cinco anos – revela.
Quem conhece o grupo costuma dizer que eles seguem bem na ativa pela excelência de sua música, materializada na virtuosidade de seus músicos, no foco incansável no choro – não abrindo mão, por exemplo, de solos de instrumentos de sopro durante os shows. É verdade! Mas para Álvaro o segredo está em duas palavrinhas que reverberam bem longe deste negócio bonito de se falar chamado talento:
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– Para viver de música, você precisa ter organização e planejamento. Depois vem a persistência, a fé, a força de vontade .