A Coreia do Norte propôs nesta sexta-feira, a países que têm representações em Pyongyang, que considerem evacuar suas embaixadas, declarou o porta-voz da embaixada da Rússia em Pyongyang.
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Além da embaixada russa, a sugestão seria dirigida a países como Brasil e China.
– Um representante do ministério norte-coreano das Relações Exteriores propôs no dia 5 de abril à parte russa que analise o tema da evacuação dos empregados da embaixada russa – declarou o porta-voz desta representação diplomática, Denis Samsonov, citado pelas agências russas.
O diplomata acrescentou que esta sugestão foi feita à Rússia “assim como a outras embaixadas em Pyongyang diante do agravamento da situação na península coreana”.
Berlim convocou na manhã desta sexta-feira seu embaixador na Coreia do Norte para comunicar sua inquietação pela gravidade da crise.
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O governo dos Estados Unidos anunciou na quinta-feira que está tomando todas as precauções necessárias para enfrentar a escalada de ameaças da Coreia do Norte, mas afirmou não estar surpreso pelo comportamento de Pyongyang.
– O que estamos vendo agora é um padrão familiar de comportamento, lamentável, mas familiar – afirmou o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
O Pentágono enviará interceptadores de mísseis para proteger suas bases de Guam, uma ilha do Pacífico situada a 3.380 km da Coreia do Norte e onde há 6 mil soldados americanos mobilizados. Pyongyang cita a ilha frequentemente como um potencial alvo.
O míssil Musudan, mobilizado pela primeira vez por ocasião de um desfile militar em outubro de 2010, tem, teoricamente, um alcance de 3 mil quilômetros, ou seja, poderia chegar ao Japão.
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Seu alcance pode atingir 4 mil km se transportar uma carga leve, com a qual, em teoria, conseguiria chegar à ilha de Guam, no Pacífico.
“O Norte está aparentemente disposto a disparar estes mísseis sem advertência”, declarou o funcionário sul-coreano.
A agência sul-coreana Yonhap e o jornal japonês Asahi Shimbun indicaram na quinta-feira que a Coreia do Norte havia instalado em sua costa oriental uma bateria de mísseis Musudan.
Segundo fontes de inteligência militar citadas pela Yonhap, a Coreia do Norte pode lançar um míssil no dia 15 de abril, aniversário do nascimento do fundador do regime comunista, Kim Il-Sung, que faleceu em 1994.
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O exército norte-coreano advertiu em meados da semana que uma guerra poderia explodir “hoje ou amanhã”. “Os Estados Unidos devem refletir sobre a grave situação atual”, disse, considerando que os voos de bombardeiros B-52 e B-2 americanos sobre a Coreia do Sul eram a causa do agravamento da crise.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou na quinta-feira que “a ameaça nuclear não é um jogo” e disse temer que “qualquer erro de julgamento nesta situação possa produzir uma crise na península da Coreia que teria consequências muito graves”.
O complexo industrial intercoreano de Kaesong, convertido em um peão estratégico na guerra dialética entre Pyongyang, Seul e Washington, estava fechado, como em todas as sextas-feiras.
Desde quarta-feira, Pyongyang proíbe o acesso a Kaesong, polo industrial situado em território do Norte, a 10 km da fronteira com o Sul, aos sul-coreanos que vão diariamente trabalhar no complexo. Pyongyang autoriza que os cidadãos do Sul deixem o complexo, mas um total de 608 sul-coreanos decidiram permanecer e continuar trabalhando.
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Seul está pronto para retirar seus cidadãos “por sua própria segurança se a situação exigir”, declarou nesta sexta-feira o ministro da Unificação, Ryoo Kihl-Jae, indicando que não é o caso até o momento.
Mais um míssil na costa oriental
Pyongyang também transportou um segundo míssil de médio alcance a sua costa oriental e o instalou sobre um lança-mísseis móvel, informou nesta sexta-feira a agência sul-coreana Yonhap, o que aumenta os temores de um disparo iminente que agravaria uma situação já considerada explosiva na região.
A Coreia do Norte também propôs nesta sexta-feira às embaixadas estrangeiras em Pyongyang que considerem evacuar seus funcionários, indicou uma fonte russa.
“Foi confirmado que a Coreia do Norte transportou por trem, no início da semana, dois mísseis Musudan de médio alcance em direção à costa leste e os instalou em veículos equipados com um dispositivo de lançamento”, declarou um funcionário de alto escalão do governo de Seul citado pela agência sul-coreana.
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Um funcionário da marinha de guerra indicou à Yonhap que dois destroieres sul-coreanos equipados com radares sofisticados foram mobilizados, um na costa leste e outro na costa oeste. “Se o Norte lançar um míssil, seguiremos sua trajetória”, declarou o militar.
O transporte dos mísseis é o último gesto de Pyongyang, que multiplica as ameaças apocalíticas há algumas semanas, furioso pelas sanções aplicadas pela ONU após o novo teste nuclear de fevereiro e pelas atuais manobras militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul.