A Coreia do Norte ordenou nesta quinta-feira que todos os sul-coreanos abandonem imediatamente o parque industrial de Kaesong e anunciou que vai confiscar todo o material deixado no complexo.

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O anúncio do Comitê para a Reunificação Pacífica da Coreia é uma resposta à decisão de Seul de interromper as operações no complexo industrial, que fica em território norte-coreano, após represália ao recente teste nuclear e ao lançamento de um foguete de longo alcance por parte de Pyongyang.

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Em um comunicado publicado pela agência oficial norte-coreana KCNA, o comitê menciona que fechará Kaesong e transformará o local em zona militar. Também anunciou o fim de todas as comunicações militares com a Coreia do Sul e o fechamento de um túnel que liga os dois países através da cidade de fronteira de Panmunjom.

Os sul-coreanos receberam a ordem de abandonar Kaesong antes das 17h (6h30min de Brasília) e informados de que poderiam levar apenas os bens pessoais.

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Washington e seus aliados asiáticos responderam aos programas balístico e nuclear da Coreia do Norte com ações contra a economia do regime mais isolado do mundo, sem esperar o resultado das discussões do Conselho de Segurança da ONU sobre novas sanções.

Centenas de caminhões sul-coreanos atravessaram na manhã desta quinta-feira a fronteira com o Norte para retirar equipamentos e bens produzidos no complexo industrial intercoreano de Kaesong, que Seul decidiu fechar unilateralmente.

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O Senado dos Estados Unidos, por sua vez, aprovou na quarta-feira à noite novas sanções unilaterais, após uma medida similar decretada pelo Japão.

Seul considerou “inevitável” o fechamento da zona industrial de Kaesong, um dos últimos projetos conjuntos entre as Coreias e apresentado em 2004 como o símbolo da “reconciliação”.

O governo sul-coreano acusou na quarta-feira Pyongyang de ter utilizado centenas de milhões de dólares de divisas arrecadadas em Kaesong para financiar seus programas de armamento.

A associação que representa as 124 empresas sul-coreanas no complexo, que empregam 53 mil norte-coreanos em Kaesong, considerou “injusto” o fechamento do complexo.

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A zona sempre foi apresentada como uma fonte chave de divisas estrangeiras para Pyongyang, mas também representa, desde sua abertura, uma vantagem para as empresas sul-coreanas, que dispõem de mão de obra norte-coreana mais barata e contam com muitos benefícios fiscais.

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Seul defende a repatriação dos empresários. Em 2014, Pyongyang elaborou um novo projeto de regulamentação, segundo o qual poderia deter os homens de negócios sul-coreanos em caso de disputa comercial. A Coreia do Sul rejeitou a ideia.

– Eu estaria mentindo se afirmasse que não estava preocupado com a minha segurança – admitiu Yoon Sang Young, gerente de uma empresa têxtil de Kaesong.

– Não sei qual é a situação no complexo, não sei se os funcionários norte-coreanos estão lá – completou.

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Kaesong foi o resultado da “diplomacia do raio de sol”, conduzida pela Coreia do Sul de 1998 a 2008 para estimular os contatos entre os países rivais. Durante muito tempo, o complexo permaneceu à margem do conflito na península.

O subsecretário de Estado americano para a Ásia, Daniel Russel, afirmou que a decisão de Seul era um “indicador incontestável da gravidade com que observam as provocações” norte-coreanas.

Depois de um executar em 6 de janeiro seu quarto teste nuclear, a Coreia do Norte lançou um foguete no domingo, em violação a várias resoluções das Nações Unidas.

Russel defendeu a necessidade de trabalhar mais para convencer os dirigentes norte-coreanos de que “não poderão entrar no sistema econômico internacional (…) enquanto a Coreia do Norte continuar com seus programas nucleares e balísticos”.

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O Senado dos Estados Unidos aprovou na quarta-feira à noite por unanimidade uma lei que torna obrigatórias as sanções existentes contra qualquer pessoa ou empresa que ajude o regime de Pyongyang, especialmente no que diz respeito a adquirir materiais para fabricar armas de destruição em massa.

O Japão também anunciou novas sanções, incluindo a proibição de acesso aos portos do país aos navios norte-coreanos, “inclusive aqueles de caráter humanitário”.

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* AFP