A Coreia do Norte lançou nesta terça-feira um míssil balístico que sobrevoou o Japão, intensificando a tensão na região devido ao programa militar de Pyongyang e provocando uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.

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Este é o primeiro projétil norte-coreano a sobrevoar o território japonês em vários anos e o lançamento ocorre depois que Pyongyang testou, em julho, dois mísseis balísticos intercontinentais.

O míssil norte-coreano “é uma ameaça grave e sem precedentes”, disse o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe.

Após o teste norte-coreano, o premier japonês e o presidente americano, Donald Trump, acertaram aumentar a pressão sobre o regime de Pyongyang e solicitaram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.

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“O presidente Trump expressou claramente seu compromisso de que os Estados Unidos estão 100% ao lado do Japão”, declarou Abe após uma longa conversa por telefone com o líder americano.

A pedido de Trump e de Abe, o Conselho de Segurança fará a reunião de emergência nesta terça-feira.

O “míssil balístico não identificado” foi lançado de Pyongyang às 05H57 de terça-feira, hora local (17H57 de segunda, horário de Brasília), segundo comunicado do Estado-Maior sul-coreano, assegurando que o projétil dirigiu-se para o leste e passou “por cima do Japão”.

O míssil percorreu 2.700 km alcançando uma atitude máxima de 550 km, segundo os comandos militares sul-coreanos.

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O tiro provocou alarme no arquipélago japonês. As sirenes de alerta tocaram em todas as localidades situadas na trajetória do míssil, que sobrevoou o território japonês durante dois minutos antes de cair no mar.

A Presidência sul-coreana informou ter convocado o Conselho Nacional de Segurança.

O Comando Norte-americano da Defesa Aeroespacial (NORAD, na siga em inglês) informou que o míssil “não representou nenhuma ameaça para a América do Norte”, destacou o coronel Rob Manning, porta-voz do Departamento de Defesa.

O tiro ocorre alguns dias depois de Pyongyang testar três mísseis de curto alcance, que foram considerados uma provocação ante o exercício conjunto anual realizado pelos Estados Unidos e a Coreia do Sul.

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Os dois aliados apresentam estas operações como defensivas, mas para Pyongyang representam uma repetição provocadora da invasão de seu território. A cada ano, a Coreia do Norte ameaça com represálias militares.

Os exercícios conjuntos “Ulchi Freedom Guardian”, testes baseados em simulações informáticas que duram duas semanas, acontecem em um contexto de alta tensão e de de guerra retórica entre Washington e Pyongyang.

– Uma escalada –

Os três mísseis lançados no sábado, no entanto, não representaram ameaça, segundo um porta-voz do exército americano no Pacífico. Um deles explodiu no ar quase imediatamente depois do lançamento.

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No entanto, o lançamento desta terça-feira representa uma escalada significativa da parte de Pyongyang, que no começo deste mês ameaçou disparar mísseis na direção da ilha de Guam, uma importante base americana, situada a 3.500 km da Coreia do Norte.

Um ataque desse tipo teria que passar necessariamente sobre o arquipélago japonês.

Em 2009, um foguete norte-coreano sobrevoou o território japonês sem provocar incidentes, mas provocando o protesto imediato do governo de Tóquio.

Na ocasião, Pyongyang justificou-se assegurando que se tratava de um satélite de telecomunicações, mas Washington, Seul e Tóquio acreditam que foi um teste para desenvolver mísseis intercontinentais (ICBM).

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Este mês, o líder norte-coreano, Kim Jong-Un, havia se distanciado do plano de atingir o território de Guam e disse que poderia esperar, mas advertiu que para isso era “necessário que os Estados Unidos fizessem a opção certa”.

Pyongyang realizou dois testes de mísseis balísticos intercontinentais em julho, que parecem ter colocado ao seu alcance boa parte do território de Estados Unidos, ao que Donald Trump reagiu advertindo que Washington poderia responder com “fogo e fúria”.

Pyongyang avançou rapidamente em sua tecnologia militar, com um programa que rendeu ao país o endurecimento das sanções impostas pela ONU.

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* AFP