A Coreia do Norte lançou nesta quarta-feira um novo míssil, que caiu no mar do Japão, ato que provocou a revolta de Tóquio e fortes críticas dos Estados Unidos.

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O exército americano destacou que na realidade a Coreia do Norte disparou dois mísseis Redong de médio alcance e um deles explodiu no momento do lançamento.

Os mísseis foram disparados da região oeste da Coreia do Norte às 22h50 GMT (19H50 de Brasília) de terça-feira, informou o Comando Estratégico Americano.

“As primeiras indicações apontam que um dos mísseis explodiu imediatamente depois do disparo, enquanto o outro foi rastreado da Coreia do Norte até o mar do Japão, onde caiu”, segundo a mesma fonte.

O míssil foi lançado das imediações da cidade de Unyul (sudoeste) às 7H50 locais, em direção ao mar do Japão, informou o ministério da Defesa da Coreia do Sul.

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Os disparos aconteceram depois que a Coreia do Norte ameaçou com uma “ação física” contra a instalação de um escudo antimísseis americano na Coreia do Sul.

Washington condenou a violação das resoluções da ONU que proíbem a Coreia do Norte de utilizar a tecnologia de mísseis balísticos.

“Esta provocação serve apenas para reforçar a determinação da comunidade internacional a contra-atacar as atividades proibidas da Coreia do Norte”, afirmou Gary Ross, porta-voz do Pentágono.

O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, condenou os testes de mísseis e considerou que representam “uma ameaça séria para a segurança do país”.

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“É um ato escandaloso que não se pode tolerar”, declarou Abe à imprensa.

A pedido de Estados Unidos e Japão, o Conselho de Segurança se reuniu na noite desta quarta-feira, mas não chegou a uma condenação formal diante de reticências da China.

A embaixadora americana Samantha Power e seu homólogo japonês Koro Bessho afirmaram que vários membros do Conselho “condenaram com energia” o lançamento.

Power avaliou que “o Conselho será capaz de se unir rapidamente para denunciar os últimos lançamentos”, que a embaixadora qualificou de “nova e grave ameaça para a paz e a segurança internacionais”.

“Este míssil caiu incrivelmente próximo do Japão e este programa (de mísseis) é uma ameaça que vai muito além de qualquer país em particular”.

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Bessho pediu ao Conselho “uma mensagem firme” diante da “ação totalmente inaceitável de parte da Coreia do Norte” e “um acordo o mais cedo possível”.

O disparo acontece apenas uma semana antes do início de exercícios militares conjuntos entre Estados Unidos e Coreia do Sul.

As manobras, que em 2015 envolveram 30.000 militares americanos e 50.000 sul-coreanos, provocam todos os anos uma crise diplomática na península, onde a situação é tensa desde o início do ano.

Pyongyang considera o exercício uma provocação e o classifica de “teste geral de uma invasão”.

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A 250 km das costas japonesas

O míssil caiu na zona econômica exclusiva do Japão, a 250 km da costa norte do país, às 8h05 de quarta-feira (20H05 de Brasília de terça-feira), segundo fontes japonesa.

Algo que não acontecia desde 1998, quando um míssil norte-coreano caiu na ZEE do país depois de sobrevoar o território.

“Não se produziram avisos. Foi um gesto extremamente problemático e perigoso do ponto de vista da segurança de aviões e navios”, declarou o porta-voz do governo, Yoshihide Suga.

“Protestamos imediatamente com a Coreia do Norte”.

O teste acontece duas semanas após o lançamento de três mísseis balísticos que, segundo Pyongyang, simulavam ataques nucleares preventivos contra portos e aeroportos sul-coreanos onde há material militar americano.

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Depois do quarto teste nuclear norte-coreano, em 6 de janeiro, seguido em 7 de fevereiro pelo lançamento de um foguete considerado como um teste disfarçado de míssil balístico, a tensão é crescente na península coreana.

Apesar das resoluções da ONU proibindo qualquer programa nuclear ou balístico na Coreia do Norte, o país prossegue com seus esforços para desenvolver um míssil intercontinental (ICBM) capaz de levar uma ogiva nuclear ao continente americano.

O Japão havia expressado preocupação com o programa nuclear norte-coreano e considerava possível que Pyongyang tivesse conseguido, como afirma, “miniaturizar cargas nucleares e desenvolver ogivas nucleares”.

Pyongyang ameaçou em julho passado realizar uma “ação física” contra o escudo antimísseis THAAD (Terminal High Altitude Area Defence) que os EUA planejam instalar na Coreia do Sul e que Seul considera vital para sua segurança nacional.

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“Nosso compromisso a favor da defesa de nossos aliados, entre eles a República da Coreia do Sul e o Japão, ante as ameaças resiste a qualquer teste”, disse Ross.

“Estamos prontos para nos defender e para defender nossos aliados contra qualquer ataque ou provocação”, completou.

Washington e Seul já anunciaram que pretendem instalar o THAAD até o final do ano, diante da multiplicação das ameaças procedentes da Coreia do Norte.

ckp/fp