O trabalhista Jeremy Corbyn assegurou nesta quinta-feira que a saída da União Europeia não tem volta, em uma tentativa de conquistar a Inglaterra média, branca e pró-Brexit.
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Corbyn viajou nesta quinta-feira para Basildon, no condado de Essex, para um comício no bairro do centro comunitário de Pitsea.
Basildon é uma cidade de 180.000 habitantes, com uma proporção de cerca de 90% de ingleses e majoritariamente branca.
Acompanhado dos três principais responsáveis do dossiê Brexit no Partido Trabalhista – Keir Starmer, Emily Thornberry e Barry Gardiner -, Corbyn assegurou que “o Reino Unido sairá da União Europeia, isso não está em questão”.
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Entretanto, disse, seu Brexit não será como os dos conservadores de Theresa May. Ele buscará “um acordo que permita transformar o Reino Unido em um país com os maiores direitos e proteções, que acabe com a exploração e as diminuições no mercado trabalhista”.
– Ganha em Basildon, ganha no país –
Basildon se revelou como um excelente termômetro político: desde que se tornou uma circunscrição, em 1974, sempre votou a favor do partido que acabou vencendo as eleições.
O mesmo aconteceu com o referendo do Brexit – 68,6% dos eleitores de Basildon optaram por sair da União Europeia.
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Nesta cidade, “não há rupturas radicais, não há revoluções, não há conflitos”, disse o fotógrafo local CJ Clarke, que documentou a Inglaterra do Brexit.
Theresa May adiantou as eleições com o argumento de se fortalecer visando as negociações com a União Europeia. Gozava então de uma vantagem de 20% em relação a Corbyn nas pesquisas de intenção de voto, mas a margem foi diminuindo até alcançar os 3%.
Mas o Brexit parece já ser algo feito, e os vizinhos de Basildon com os quais a AFP conversou insistiram nos problemas sociais, na falta de moradia, no desemprego e no consumo de drogas.
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O jornal local Basildon Echo dedicou a sua capa “aos 20 imigrantes que pularam de um caminhão”, possivelmente procedentes da Europa, mas nenhum dos entrevistados mencionou a imigração.
– Brexit? “O que importa é a distribuição da riqueza” –
“O mais importante é a distribuição da riqueza, se há distribuição da riqueza, todo mundo fica feliz”, disse Dan Kattal, um homem de 50 anos que votou a favor da saída da União Europeia no referendo de 23 de junho de 2016.
Corbyn “é muito honesto. No fim, a honestidade é a melhor política”, respondeu.
“Não podemos pensar somente no Brexit, vai acontecer e já está”, afirmou Betty Jeffrey, uma mulher de 77 anos, que usa cadeira de rodas e foi assistir o comício de Corbyn – e que está preocupada com os cortes nas ajudas aos deficientes. “As coisas vão de mal a pior”, assegurou.
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Christopher McDonagh, um desempregado de 22 anos que teve que recorrer aos serviços sociais para encontrar um teto, disse que “Corbyn é um homem eloquente, que tem boas ideias e bons planos”.
“Em Basildon precisamos de mais dinheiro para ajudar a construir casas, propriedades, coisas assim”, acrescentou McDonagh, que não votou no referendo sobre a UE: “me coloquei de lado, deixei que outros votassem”.
“Não confio em Theresa May”, assegura Sarah Dowling, uma professora de 50 anos que votará pelo trabalhista, “como meus pais e meus avós”.
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“Deixamos para trás a coisa do Ukip, graças a Deus”, acrescenta – a câmara de vereadores chegou a estar nas mãos do partido antieuropeu – e agora espera “que recuperemos o deputado trabalhista”.
* AFP