Se a bateria é o coração da escola, eles são a artéria aorta, responsável em levar o sangue para todo o resto do corpo. São os mestres de baterias das escolas de samba, aqueles que determinam o que cada um dos ritmistas faz no desfile. Como regentes de uma orquestra, são a figura central de um grupo que tem a responsabilidade de determinar o ritmo. Na noite de 18 de fevereiro, cinco desses estarão em destaque na Passarela do Samba Nego Quirido.
Continua depois da publicidade
Pode parecer charmoso vir à frente da bateria. Mas estar ali é resultado de uma dedicação que dura o ano inteiro. Cada bateria tem seu período de ensaios, método de trabalho, peculiaridades. A maioria nem pensa em Carnaval e eles estão lá ensaiando, imaginando o que fazer, apostando em bossas (paradinhas), vendo vídeos dos desfiles anteriores e buscando experiência no que já foi feito por outras escolas.
:: Conheça os mestres de bateria das cinco escolas de Florianópolis no blog Tamborim
A figura do mestre exige bem mais do que conhecimento musical. Além de entender de melodia, é preciso ter pulso firme e disciplina. Dependendo da bateria, a ala pode ter até 350 componentes, como acontece no Rio de Janeiro. Em Florianópolis, a média é de 180. Lidar com tantas cabeças exige comando, e isso não pode faltar a um mestre. O critério para selecionar os ritmistas, sejam homens ou mulheres, leva em conta a parte técnica, a disciplina e a identificação com a escola.
Continua depois da publicidade
À frente da bateria durante todos os 80 minutos de desfiles, o mestre precisa perceber eventuais deslizes para não comprometer o desempenho da escola. Para isso, conta com a ajuda dos diretores. Mas o sucesso está no que foi planejado e exaustivamente ensaiado. O trabalho exaustivo tem suas recompensas, ainda que nem sempre reverta bons salários (cachês) e que varia de acordo com cada profissional: a nota 10.
Um mestre é mais do que alguém que ensina, quase sempre vira uma espécie de conselheiro. Para fortalecer os laços com os ritmistas, os mestres e seus diretores costumam fazer festas, jogos de futebol, churrascos. A finalidade é sempre a mesma: tornar a “orquestra” mais afinada. Isso por que todo mundo sabe da responsabilidade que tem e desafinar – ou atravessar – não pode fazer parte do repertório.