De acordo com a organização sul-africana Campanha de Combate ao Despejo (AEC, da sigla em inglês), cerca de nove mil pessoas foram removidas do centro da capital da África do Sul antes da Copa, ou porque eram moradores de rua ou por ocuparem prédios abandonados. A ocupação irregular de construções antigas sempre foi um desafio para o governo sul-africano, que viu a Copa do Mundo como um oportunidade para finalmente remover essas pessoas e revitalizar os prédios.

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No filme “A batalha por Joanesburgo”, o documentarista Rehad Desai retrata como este processo ocorreu na província de Gauteng.

– Nos 24 meses que antecederam o evento, o governo acelerou o processo e expulsou milhares de pessoas que viviam em prédios de forma ilegal – explica.

Na Cidade de Cabo, a prefeitura investiu pouco mais de R$ 6 milhões para instalar a “habitação de emergência”, chamada Blikkiesdorp, que significa, literalmente, “Cidade de Lata”. Este nome é devido ao fato de ser formada por pequenas casas de zinco.

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– O governo limpou as calçadas para os turistas. Mas ao invés de remover as pessoas com dignidade, eles esconderam os pobres em verdadeiros campos de concentração – acusa Hilly Heyn, secretário da AEC.

A prefeitura, porém, nega a acusação de que teria colocado pessoas em Blikkiesdorp por causa da Copa do Mundo. A porta-voz Kylie Hatton afirmou por e-mail que o local é uma “área de transferência temporária” para moradores que estão na lista para ganhar uma casa do governo. Apesar disso, muitos afirmaram morar no local há cerca de cinco anos.