Um laboratório apontou fraudes em laudos com sua logomarca de testes de Covid-19 usados por convidados para assistir à final da Copa América na noite deste sábado (10) no Maracanã, no Rio de Janeiro, entre Brasil e Argentina. Ao menos 17 exames que usam a marca desse laboratório já foram identificados como falsificados. Como não há um local de referência para a realização do teste RT-PCR exigido ao público da partida, a fraude pode estar ocorrendo com os documentos de outras empresas.
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Em nota, a Conmebol reconheceu ter detectado “uma considerável quantidade de testes de PCR fraudulentos”. A entidade afirmou que as pessoas com laudos falsificados não poderão entrar no estádio.
– A Conmebol assegura que os controles para o ingresso à final da Copa América serão extremamente rigorosos – disse a entidade em nota.
A Prefeitura do Rio de Janeiro autorizou a presença de público no Maracanã limitada a 10% da capacidade do estádio – cerca de 6,5 mil torcedores. A Conmebol planeja credenciar 4,4 il convidados divididos entre as duas confederações finalistas.
Uma das exigências do município foi a apresentação de teste RT-PCR negativo feito 48 horas antes da partida. O objetivo é evitar que o evento seja local de transmissão do novo coronavírus, em razão da pandemia. A Conmebol, contudo, não tem um laboratório de referência, com o qual mantenha alguma ferramenta de checagem dos testes apresentados.
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A proprietária da Laborlife, Priscila Amaral, disse ter sido informada por um cliente argentino que uma pessoa estava oferecendo laudos da empresa por R$ 150 sem a necessidade de realização de exame. A clínica cobra R$ 450 para testes de emergência, com resultado entregue em seis horas.
Amaral disse ter entrado em contato com o consulado argentino, que repassou a informação à Conmebol. A empresária afirma que a fraude consiste na troca dos dados do paciente testado a partir de um laudo negativo real.
– Minha equipe de informática fez às pressas uma ferramenta para checagem dos laudos. De cara identificaram dois laudos falsos. Se está acontecendo comigo, pode estar acontecendo com vários outros laboratórios – disse ela.
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Ao liberar o público no estádio, o prefeito Eduardo Paes (PSD) afirmou considerar a final um evento-teste para futuras liberações, ainda não previstas no município.
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– Foi feito um pedido para liberação de 50%, que foi recusado. Eu soube do pedido pela imprensa, a SMS [Secretaria Municipal de Saúde] analisou e negou. E, com um novo pedido, entendeu, com toda a liberdade do mundo, que 10% não seria problema. Eu não recebi pressão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), da Conmebol, de ninguém – afirmou.
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Em janeiro deste ano, a final da Copa Libertadores, também disputada no Maracanã, teve a presença de torcedores convidados por Palmeiras e Santos. As duas torcidas ficaram concentradas em um único setor do estádio, promovendo aglomeração.
Os 2,2 mil convidados credenciados pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) ficarão alocados no Setor Norte do estádio. A outra metade, composta por argentinos credenciados pela AFA (Associação do Futebol Argentino), ficará no Setor Sul. A intenção é evitar a aglomeração de torcedores.
Pessoas ligadas ao estudo da pandemia no Brasil criticam a falta de transparência nas informações cedidas pela confederação sul-americana e pelo Ministério da Saúde. Isso é tido como um obstáculo para entender os reais efeitos da realização do torneio no país.
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A reportagem conversou com pesquisadores da Fiocruz – alguns pediram para não serem identificados –, além de cientistas de outras instituições, que trabalham diariamente com a Covid-19. Nenhum deles foi informado sobre esses detalhes epidemiológicos durante a competição. Eles alegaram saber dos números de casos apenas por meio da imprensa
A Fiocruz é o braço do Ministério da Saúde responsável pelo monitoramento epidemiológico do coronavírus no Brasil. Seu setor de virologia é credenciado pela Organização Mundial da Saúde para realizar esse acompanhamento.
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Até aqui, foram 168 casos de Covid detectados entre os envolvidos no torneio. Destes, o sequenciamento genético (exame para identificar a cepa do vírus) foi realizado em 38, sendo que para 22 o processo já foi concluído e o resultado foi de variante gama.
O Rio de Janeiro vive atualmente um alívio no número de internações decorrentes da Covid-19. O último balanço aponta para 563 pessoas internadas em leitos da rede pública da cidade, menor número desde abril de 2020, início da pandemia.
A prefeitura atribui a melhora ao avanço da vacinação. Metade da população já foi vacinada com a primeira dose, e 19% com a segunda.
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*Reportagem de Júlia Barbon e Ítalo Nogueira
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