Enquanto a eleição para a Presidência da República se aproxima, o Brasil começa a sair de uma das piores crises de sua história. Após a recessão que fez o PIB encolher 7,1% em dois anos e criou mais de 14 milhões de desempregados, a economia tende a ser um dos pontos centrais dos debates até outubro.

Continua depois da publicidade

Com as principais pré-candidaturas estabelecidas, ganha importância saber quem são e o que pensam os gurus econômicos dos postulantes ao Planalto.

Além de ser referência para Geraldo Alckmin, o economista Pérsio Arida coordena os planos para a área do tucano. Circulando com desenvoltura nos meios político, acadêmico e empresarial, sua relação com o poder não é nova. Integrou a equipe que implantou o malsucedido Plano Cruzado, em 1986.

Oito anos depois, fez parte do grupo de economistas que montou o Plano Real. Formado em economia na Universidade de São Paulo em 1975, concluiu doutorado no MIT (EUA), em 1992. Foi professor em universidades brasileiras e americanas. Comandou o BNDES (1993 a 1994) e o Banco Central (1995). Também atuou no setor privado, principalmente na área financeira.

O que pensa

– Adepto da corrente liberal, Persio Arida vem dando pistas de qual deve ser o norte do programa econômico de Alckmin. Avalia que um dos principais pontos é avançar nas privatizações, como a da Eletrobras, anunciada mas empacada no governo Temer. Mas observa que não é possível implantar vasto plano de desestatização. A prioridade é tocar o que for factível. Para Arida, não adianta substituir monopólio estatal por outro privado.

Continua depois da publicidade

– Em relação à promoção do crescimento da economia, entende que deve ocorrer principalmente pelo capital privado. Ao governo, cabe apenas criar os meios: garantir segurança jurídica a empreendedores (criando marcos regulatórios para setores como infraestrutura), avançar em privatizações, promover a desburocratização, fazer as reformas tributária e da Previdência, abrir a economia, evitar controle de preços e garantir concorrência.

– Reformas como a da Previdência, entende Arida, são essenciais para solução estrutural do problema fiscal, assim como corte de gastos. Embora seja contrário a aumento da carga tributária, diz ser favorável à busca de um sistema socialmente mais justo. Uma das medidas possíveis seria tributar dividendos e juros sobre o capital próprio, o que pega a ponta da pirâmide da renda no país.

– Ex-presidente do BNDES, prega que o banco não deveria ter participação acionária em companhias, como ocorre hoje.

– A instituição, entende, não pode agir como pronto-socorro de empresas, o que impede o livre funcionamento do mercado. Defende a inclusão social sem populismo. A fórmula seria dar aos menos favorecidos igualdade de acesso nas oportunidades com melhorias em educação, saúde e segurança.

Continua depois da publicidade