O ano de 1971 não foi um marco apenas para o jornalismo no Vale do Itajaí. Há 50 anos nascia também uma das principais cooperativas agrícolas da região, a Cooperativa Regional Agropecuária do Vale do Itajaí (Cravil). A iniciativa que surgiu nos anos 1970 para unir pequenas cooperativas de então cinco cidades do Alto Vale hoje é uma referência para 3,9 mil famílias associadas.
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A sede da Cravil fica em Rio do Sul, mas é da terra de mais de 40 municípios que vem a produção da cooperativa, principalmente leiteira e de grãos. Ela está presente em vários pontos da região, dividida em 55 unidades, 37 lojas agrícolas e supermercados e 17 unidades de beneficiamento de cereais e leite. Um dos pontos fortes da Cravil se deve justamente ao fato de estar majoritariamente inserida na bela geografia do Alto Vale.

O microclima de dias quentes e noites mais amenas produz sementes de arroz de alto vigor, a partir de um processo de organização das moléculas de amido que dá mais peso ao grão. A qualidade do produto faz da cooperativa a maior produtora de sementes de arroz para o sistema pré-germinado do Brasil, comercializadas no mercado interno e também para países da América Latina.
São produzidos cerca de 100 mil sacos de sementes por ano, que depois de plantadas podem se transformar em até 295 mil toneladas de arroz. Ou seja: as sementes que nascem no Alto Vale são o ponto de partida para arrozais em todo o continente.
Mas as vantagens que uma cooperativa próspera traz para uma região vão além de uma produção agrícola abundante e estabilidade econômica. Cooperativas fortalecidas também são motores de transformação social. Neste modelo de negócio, o objetivo principal é o desenvolvimento do associado e da comunidade, e em uma cooperativa agrícola isso passa pelo trabalho com as famílias cooperadas.
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Cultivando a empatia
A Cravil mantém há anos ações específicas voltadas para crianças, jovens e mulheres que estão conectados à cooperativa. O trabalho com o público feminino, por exemplo, começou há mais de 25 anos e foi pioneiro em Santa Catarina. O Mulheres Cooperativistas Cravil é um projeto contínuo de formação e incentivo, criado para ser um canal de oportunidades e um convite à participação delas em grupos comunitários e quadros de liderança cooperativa. Ações que impactam diretamente na autoestima das agricultoras.
São mais de mil mulheres envolvidas nesta iniciativa, que antes da pandemia se reuniam em encontros regionais para conversar sobre temas como saúde, educação e assuntos da vida prática. Para se conectar à nova geração, a Cravil desenvolve também outros dois programas. O Cooperjovem, em parceria com o Sescoop/SC, leva há quase 20 anos educação cooperativa para alunos da rede estadual de ensino. O Juventude Rural Cooperativista desde 1995 trabalha em parceria com grupos de jovens para integrá-los e capacitá-los sobre as questões da agricultura familiar.
Para o presidente da Cravil, Harry Dorow, investir no bem-estar da família é um dos pilares e uma das razões de ser da cooperativa.

— Este núcleo é uma peça-chave, principalmente na agricultura familiar. Se ele está bem, isso se reflete na propriedade rural e depois na cooperativa e também na comunidade — analisa Dorow.
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Sementes para o futuro
Aos 50 anos de vida, a entidade também lança sementes para o futuro ao investir em tecnologia e alternativas de preservação do meio ambiente. Implantado há pouco mais de um ano, o projeto Extensão Tecnológica tem aplicado um olhar mais técnico para a manutenção da produção a cada safra.
A pesquisa avalia as características físicas e químicas dos solos e as potencialidades de plantio nas diferentes localidades da cooperativa. O resultado é um cooperado com mais informações técnicas à disposição e um cultivo mais assertivo.
No campo da sustentabilidade, a unidade de beneficiamento de arroz utiliza as próprias cascas dos grãos, que seriam descartadas, para abastecer as caldeiras que geram energia para a indústria. Além disso, a Cravil tem o certificado Comerc-Sinerconsult de energia renovável, por ter adotado o consumo de energia de fontes renováveis, o que reduz a emissão de gases poluentes na atmosfera.
Uma entidade conectada aos princípios cooperativistas precisa praticar um olhar global para a sua atividade e investir no viés econômico, social, educacional, ambiental e no cuidado com o produtor. Uma missão que tem sido aprimorada ano a ano nas últimas cinco décadas pela Cravil.
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Saiba mais sobre a história da cooperativa no site da Cravil.
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