Pode parecer radicalismo e preocupação excessiva com a aparência. Mas professores de educação física e pediatras são unânimes: as crianças podem e devem ser estimuladas a exercitar o corpo desde cedo. Pular, saltar, correr e rolar são atividades fundamentais para o bom desenvolvimento motor dos pequenos e podem ser trabalhadas em diversas modalidades, como judô, balé, futebol, ginástica de solo ou rítmica, natação e muitas outras. Nas férias, as atividades podem ser ainda mais válidas, porque além de fazer bem, podem ajudar os pais na organização do tempo (deles e dos filhos).

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Uma rotina com exercícios é possível desde cedo. A partir dos seis meses de vida, por exemplo, o contato com a piscina já traz benefícios para os bebês. Além de melhorar a coordenação motora, proporciona noções de espaço e tempo, estimula o apetite, aumenta a resistência cardiomuscular, promove um sono tranquilo e previne doenças respiratórias.

– A habilidade motora pode ser avaliada por volta dos três anos. A partir daí e até os seis anos, pode-se estimular atividades que aperfeiçoem esse aspecto, sempre de acordo com a necessidade, aptidão individual dos pequenos e limite de cada um. A intenção deve ser não sobrecarregar a criança Convide a gurizada para se mexer

explica o professor de educação física Dirceu Lobo Neto.

Depois dos seis anos, a criança pode ser apresentada aos fundamentos técnicos de cada modalidade. É hora de a garotada aprender a driblar, quicar a bola, fazer movimentos e rolamentos corretos de ginástica, sem ainda ter a preocupação de correção. Os educadores estimulam a cooperação em grupo, trabalhando deficiências motoras sem exigir perfeição. O importante é vivenciar os fundamentos de forma positiva. Quando atinge a primeira década de vida, a meninada já tem as aptidões mais definidas e consegue escolher as modalidades que mais lhe agradam; por isso a técnica pode ser aperfeiçoada e corrigida.

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– É importante deixar claro que existe uma diferença entre a criança-atleta, que necessita dessa correção precocemente a fim de atingir a performance, daquela que pratica esporte para ter uma vida saudável sem a pretensão de atingir alto desempenho – observa Dirceu.

Ele pondera ainda que os pais que incentivam a prática esportiva estão um passo à frente dos que não atentam para a importância desse quesito. No entanto, não basta matriculá-los em escolinhas esportivas e academias. É preciso participar, acompanhar a garotada nas atividades.

Alerta ao sobrepeso

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) já atentou para a necessidade dos médicos em reforçar a recomendação da prática de exercícios para crianças nos consultórios. A pediatra Roseli Sarni, presidente do departamento de nutrologia da SBP, explica que o excesso de peso já atinge 8% dos brasileirinhos de até cinco anos. Segundo a médica, um dos fatores de risco é o sedentarismo. Ela lembra que o lazer das crianças não está mais relacionado a brincadeiras que mexem com o corpo.

– Meninos e meninas não correm, não pulam, não sobem mais em árvores e isso favorece o sobrepeso desde muito cedo – diz.

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A pediatra acrescenta que, no passado, algumas modalidades eram contraindicadas para as crianças. A musculação e os esportes que exigem maior esforço das cartilagens, estruturas que ainda estão em desenvolvimento, são alguns exemplos. Hoje, estudos comprovam que, quando feitos moderadamente e com a orientação de um profissional capacitado, não há contraindicação para tais atividades.

Para cada idade

:: Até os 6 anos

Tudo merece ser visto como uma brincadeira, levando em conta o desenvolvimento da psicomotricidade, da lateralidade, da coordenação motora e do equilíbrio. O esporte funciona como um fator motivador porque estimula a criança a correr, pular, subir, rolar e engatinhar.

:: Dos 7 aos 10 anos

O lado lúdico ainda prevalece. Nessa faixa etária são introduzidos exercícios que estimulam a flexibilidade e as atividades aeróbicas de baixa intensidade. A criança já está mais segura para correr, caminhar, pedalar e nadar com mais aprimoramento da técnica de cada modalidade

:: Depois dos 10 anos

Exercícios que fortalecem a potência anaeróbica podem ser acrescentados aos poucos. Estimular pernas, abdômen, tronco e membros superiores contribui para o desenvolvimento. Nessa idade, a criança começa a ter noção do que prefere, do que tem aptidão.

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